Ex-presidente terminou
mandatos consagrado; candidatos deveriam seguir seu caminho
Sem o habeas corpus do STF,
Lula não só não concorrerá à Presidência como deve ser preso. Para os candidatos
que ficam, a trajetória do ex-presidente serve de exemplo pelo que fez e como
chegamos ao buraco atual.
Lula terminou seus dois
mandatos em 2010 consagrado. Com a mais alta aprovação (83%) da série do
Datafolha e o maior crescimento do PIB (7,5%) desde o Plano Cruzado de 1986.
Cálculos da FGV com dados do
IBGE revelaram que nunca o Brasil distribuiu tanto a sua renda e diminuiu a
desigualdade entre ricos e pobres, o que explicaria a popularidade recorde e o
maior PIB em 25 anos ao final do mandato.
Lula teve a sorte de
governar sob um boom internacional das commodities, mas também bancou políticas
pró pobres como o Bolsa Família (ao custo de R$ 29 bi/ano) e aumentos reais
para o salário mínimo (que subiu 54% além da inflação).
Mas o maior avanço em seu
governo se deu pelo esforço dos trabalhadores em um contexto macroeconômico
seguro, de contas públicas relativamente arrumadas, inflação baixa e câmbio
estável. Nesse ambiente, o trabalho prosperou a partir do otimismo e
investimentos empresariais.
Na média da década finda em
2014, 80% da melhora na renda dos brasileiros se deu pelo trabalho. Mesmo entre
os mais pobres, dependentes do Bolsa Família, o trabalho foi o que pesou mais
no crescimento da renda.
O irônico é que Lula
ofereceu essa estabilidade quase à força a partir de 2003, quando assumiu
devendo US$ 30 bilhões ao FMI por conta de acordo fechado meses antes com o
Fundo pelo governo FHC.
O acordo obrigou o Brasil a
fazer um grande ajuste fiscal que colocou as contas públicas em ordem, favorecendo
o ciclo virtuoso da economia.
Na média, Lula manteve o
superávit nas contas públicas em 3% como proporção do PIB. Dilma 1 derrubou
essa “economia”, usada para reduzir a dívida pública, para 1,7% do PIB. Já nos
últimos três anos houve déficit médio de -2%.
É disso que se trata a atual
crise. Foi essa troca de sinal, de superávit para déficit, que engendrou a
recessão que enfrentamos a partir de 2015.
O dado fundamental é que, ao
passarmos do azul para o vermelho, a dívida pública bruta do país saltou cerca
de 20 pontos, atingindo 75% como proporção do PIB hoje.
É isso o que está por trás
da dúvida dos empresários ("o país vai quebrar?") sobre investir ou
não e criar empregos para sustentar um novo ciclo virtuoso.
Para que isso ocorra, não há
hipótese de escaparmos da reforma da Previdência. O sistema atual é hoje a
principal causa do déficit, travando decisões de investimento e empregos
futuros.
Nesta eleição, quem promete
outro ciclo de crescimento sustentável sem defender a reforma da Previdência e
mais cortes de gastos mente ou está mal informado. Fonte: Blog do Magno Martins