Se
você acha que o rum é pedido do passado, saiba que a bebida do pirata não marca
tempo no calendário. Revisitado, o destilado promete ser o próximo na fila dos
queridinhos, quando a febre do gin passar
Quem
ainda não está acostumado ao sabor do rum, pode estranhar o toque seco da
bebida logo nos primeiros goles. A depender do estilo, as notas iniciais até
lembrarão o gosto de uma cachaça mais rústica invadindo a garganta. Semelhança
atribuída à origem de ambos na cana-de-açúcar. Mas só. Eles são distintos. A
referência só reforça que o produto nativo do Caribe também pode agradar ao
paladar nacional e fazer jus a aposta de especialistas quanto ao posto de
produto-tendência dos próximos anos.
Quem
acompanha Sabores lembrará da previsão do crítico gastronômico da "Folha
de São Paulo", Marcelo Katsuki sobre o rum ser, muito em breve, o
destilado da vez. “Ele vem aí e não lhe faltam predicados para isso”, disse em
janeiro. Mais alguns meses, e o mixologista Júnior WM, com a expertise de quem
já foi embaixador de uma marca jamaicana, reforça que essa inclinação é parte
de um movimento global em que nos Estados Unidos e leste europeu a onda do gin
vem se acalmando. “São lugares em que abrir bares de gin ou ter muitas opções
na carta deixou de ser moda. Acontece.
A mixologia, em geral, sempre muda
dialeticamente. Entra a moda de um destilado branco e depois um envelhecido,
volta o branco e assim por diante. Agora, o rum está com tudo fora daqui.
Inclusive, a cachaça está sendo extremamente bem recebida”, explica. Ele também
pondera que, embora o mercado local venha se atinando para a prima da
aguardente, ainda levará mais tempo para a tendência se firmar no Brasil. “Mas,
com certeza, chegará a hora”, completa.
O
rum, em si, não é novidade. Produzido a partir do melaço - que o diferencia em
relação à pinga feita do suco da cana -, ele passa por processos de fermentação
e destilação, podendo ser amadurecido por anos em barris de carvalho e até receber
especiarias. Motivo para algumas variações ganharem o copo, através de nota
amadeirada ou frutada; tom escuro ou incolor. Para acertar na escolha não tem
erro. “Não raro, você terá rum que lembrará um pouco a rapadura ou, de modo
geral, no branco, encontrará notas de flor. Se for envelhecido, achará
baunilha, chocolate ou mesmo café. Para saber se é de qualidade antes mesmo de
provar, aconselho girar a bebida num copo de vidro e perceber as lágrimas que
deverão escorrer de maneira reta e bem definida”, sugere WM.
É
apreciação levada a sério, como os bebedores do Caribe, Cuba e outras ilhas da
América Central, onde especialistas acreditam estar a origem da bebida.
Leia-se, ainda, lugares em que a produção é mais forte atualmente, como
Barbados, Ilhas Martinica, Jamaica, Guadalupe, Guiana e até em alguns países da
América do Sul. Nesse território, outra curiosidade faz sentido. O fato de ser
a preferida dos piratas, surge por conta do alto teor alcoólico capaz de
encorajar qualquer combate em alto-mar. Jack Sparrow que o diga.
Fonte: FolhaPE