A
senadora e presidenta do PT Gleisi Hoffmann fez um apelo: "não esperem ter
um cadáver nessa caravana pra entender a gravidade do que nós estamos passando”
Um
dia após um dos três ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) ser atingido por três tiros no Paraná, o ex-presidente e a senadora
e presidenta do PT Gleisi Hoffmann se reuniram para falar sobre o assunto. Lula
pediu que os governos estaduais e federais assumam a responsabilidade de
garantir o direito de ir e vir de qualquer cidadão brasileiro e Hoffmann fez um
apelo: "não esperem ter um cadáver nessa caravana pra entender a gravidade
do que nós estamos passando”.
O
ex-presidente lembrou que percorreu o Brasil de barco, de trem e de ônibus nos
anos de 1989, 1994, 1998, 2002, 2010 e 2014 e que nunca houve qualquer ato
semelhante. Ele comparou a violência contra sua caravana ao nazismo. "O
que eu estou vendo agora é quase o surgimento do nazismo. O partido do Hitler
contou muita mentira, acusava os sociais-democratas de comunistas, acusava os
comunistas de ladrões, até que ele criou um clima para derrubar os democratas e
os comunistas e virou o primeiro ministro em nome da salvação da Alemanha. E nós
vimos o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial. O que nós estamos vendo agora
não é política", disse.
Leia
o discurso completo de Lula:
"Se
tem uma pessoa que fez muita viagem nesse País fui eu. Antes de 1994, percorri
o Brasil 91 mil quilômetros de barco, de trem e de ônibus. Já fiz campanha
política em todo o território nacional. Sou um cara que disputei as eleições de
89, 94, 98, 2002, 2010 e 2014 com a Dilma e vocês nunca ouviram falar em
violência. O que eu estou vendo agora é quase o surgimento do nazismo. O
partido do Hitler contou muita mentira, acusava os sociais-democratas de
comunistas, acusava os comunistas de ladrões, até que ele criou um clima para
derrubar os democratas e os comunistas e virou o primeiro ministro em nome da
salvação da Alemanha. E nós vimos o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial.
O
que nós estamos vendo agora não é política. Porque se eles quisessem derrotar o
PT seria muito fácil. Lança candidato, vamos para urna, quem ganhar toma posse
e quem perder vai chorar, como eu já chorei muitas vezes. Se eles acham que
fazendo isso vai nos assustar, não vai nos assustar. Isso vai motivar a gente a
fazer muito mais coisa porque nós não podemos permitir, depois do nazismo e do
fascismo, grupos fanáticos neste País. Não querendo fazer política achando que
pode ofender mulher, pode chamar negro de vagabundo, pode chamar índio de
vagabundo, nós não vamos aceitar isso.
E o que nós esperamos é que quem está no
governo estadual ou federal, sendo golpista ou não, que assume a responsabilidade
de garantir o direito de ir e vir de qualquer cidadão brasileiro. É
inadmissível ainda mais atacar um ônibus em que tem a imprensa. Se fosse eu
eles até ficariam felizes porque eles não querem que eu dispute as eleições,
mas o que a imprensa tem a ver com isso. Então se querem brigar comigo, vamos
brigar, eu gosto da briga, eu não sou homem de correr da briga, mas vamos
respeitar a democracia nesse País. Democracia pressupõe a convivência na
diversidade. Ninguém tem que ser torcedor do Atlético Paranaense ou ser do Coxa
(Coritiba), não, cada um é o que quiser no futebol, na religião, no sexo, cada
um faz a opção que quiser e quem não gostar respeite." Fonte: FolhaPE