Oitavo País do mundo em
potência eólica, o Brasil está recebendo recursos vultosos em projetos de
expansão do segmento
Em um País onde a matriz de
geração de eletricidade é diversificada, a energia renovável eólica está se
destacando pela ótima qualidade dos ventos e pelos fortes investimentos. Hoje,
o Brasil tem uma capacidade eólica instalada de 13 Gigawatts (GW) e, em fevereiro
deste ano, a participação da fonte na matriz alcançou 8,3%, segundo a
Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Nesse cenário, Pernambuco
representa uma parcela importante para o setor no Nordeste, já que chega a
abastecer mais de 60% da região. E, de olho no futuro, empresas preparam a
instalação de novos projetos no Estado. Hoje, o Brasil já é o oitavo País do
mundo em potência de energia eólica.
Após vencer o leilão de
energia A-6 realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em
dezembro do ano passado, a empresa Eólica Tecnologia vai investir em três
empreendimentos em Pernambuco, com aporte total de R$ 400 milhões e 82
Megawatts (MW) de capacidade. Dois parques eólicos vão ser instalados no
município de Poção, no Agreste, e o outro na cidade de Macaparana, na Zona da
Mata Norte. “O Estado é área de interesse pela pouca turbulência e alta
intensidade dos ventos e pela qualidade do combustível. Realizamos a medição
dos ventos dessas cidades e confirmamos que eles favorecem a instalação dos
empreendimentos”, destacou o presidente da Eólica Tecnologia, Everaldo Feitosa,
informando que a previsão do início de construção das usinas é em torno de três
anos.
Do ponto de vista do
potencial, a maior força dos ventos em Pernambuco está em áreas do interior do
Estado, foi o que constatou a Casa dos Ventos, companhia investidora da fonte
no Brasil. Com forte atuação no Nordeste, a empresa está em fase de estudos
para novos projetos na região. De acordo com o diretor de novos negócios da
companhia, Lucas Araripe, “Pernambuco apresenta vantagens logísticas para
implantação de parques eólicos”, principalmente pela presença do Porto de
Suape. “A empresa está realizando a medição de ventos em propriedades
arrendadas ao longo de cinco anos. E estão previstos dois projetos na Chapada
do Araripe, sendo um deles de 300 MW de potência localizado na divisa entre
Pernambuco e o Piauí”, disse Lucas Araripe, ao complementar que o outro projeto
é de 90 MW.
Ao acreditar que a energia
eólica vai alavancar o crescimento do Brasil nos próximos anos, o grupo
Votorantim Energia também está investindo no setor na região Nordeste como um
todo. Em janeiro deste ano, entrou em operação o parque eólico Ventos do Piauí
I, na região do Araripe, que teve investimento de R$ 1,1 bilhão. “No fim do ano
passado, nos juntamos a um fundo canadense e adquirimos o parque eólico Ventos
do Araripe III, com potência instalada de 359 MW. O empreendimento está
localizado uma parte no Piauí e outra parte em Pernambuco”, contou Leonardo
Gomes, gerente geral comercial da Votorantim Energia, adiantando que a empresa
estuda novos pontos de investimento e Pernambuco está nas áreas de pesquisa.
No ano passado, foram
investidos R$ 11,5 bilhões no setor eólico no Brasil, representando 58% dos
investimentos realizados nas fontes renováveis (solar, biomassa,
biocombustíveis e outras). “Os cálculos de investimentos do setor são feitos
pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF) e consideram os valores investidos em
toda a cadeia produtiva até os parques. De forma geral, todos os Estados do
Nordeste acompanharam o desenvolvimento da energia eólica, já que é na região
que estão os melhores ventos do País. Mais de 80% da geração de energia eólica
do Brasil vem do Nordeste”, destacou a presidente da ABEEólica, Elbia Gannoum.
Como no Nordeste a geração
eólica é maior no inverno, a matriz energética brasileira foi abastecida pela
fonte eólica em dois meses do ano com dois dígitos, sendo 10% em agosto e 11%
em setembro. “O potencial de energia eólica no Brasil é de cerca de 500 GW,
muito mais do que o País consome atualmente. Importante mencionar que o
Ministério de Minas e Energia vem declarando, em várias ocasiões, que a
expansão da matriz se dará pelas fontes renováveis, como eólica, de forma que enxergamos
um brilhante futuro para a energia eólica”, enfatizou Elbia.
Atualmente, com a potência
eólica de 13 GW e 518 parques eólicos presentes no País, sendo 34 em Pernambuco
com 781,99 MW de potência no Estado, o Brasil deverá ter mais 213 parques até 2023,
num total de mais de 4,8 GW que estão em construção ou já contratados. Esses
dados incluem os dois leilões realizados em dezembro do ano passado. “O
Nordeste tem o melhor combustível vento e projetos concentrados para a região.
É importante porque os empreendimentos geram renda, emprego e desenvolvimento
econômico para as cidades, principalmente durante a construção civil”, destacou
Feitosa.
Fonte: Folha PE