Inspeções
fiscalizam se o conteúdo da embalagem de pescado nacional e importado vendida
nos supermercados é de fato o produto informado no rótulo
Equipes
de auditoria fiscal agropecuária do governo federal realizaram nesta
terça-feira (20) a Operação Semana Santa, com inspeções que verificam se o
conteúdo da embalagem de pescado nacional e importado vendida nos supermercados
é de fato o produto informado no rótulo, e não uma mercadoria inferior àquela
paga pelos clientes.
Conforme
dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, responsável pela
operação, amostras de peixe foram coletadas em 13 unidades federativas:
Alagoas; Ceará; Distrito Federal; Mato Grosso; Minas Gerais; Pará; Paraná;
Pernambuco; Rio de Janeiro; Rio Grande do Norte; Santa Catarina; São Paulo e
Tocantins.
Segundo
o auditor Paulo Araújo, a ação, que mobilizou 50 servidores, entre auditores
fiscais agropecuários, agentes de inspeção e técnicos laboratoriais, tem
ampliado significativamente, a cada ano, a garantia de qualidade do alimento
que o consumidor leva para casa. Araújo informou que, em 2015, 23% dos peixes
vendidos estavam em desconformidade O percentual foi reduzido no ano seguinte
para 15%. No ano passado, 96% dos produtos nacionais analisados estavam dentro
dos padrões esperados, e todas as unidades importadas eram verdadeiras.
Há
muitas ocorrências de adulteração entre linguado, surubim e pescada amarela,
que são vendidos pelos comerciantes a preços mais altos, ressaltou Araújo. As
espécies mais caras de sardinha, em muitos casos, também são trocadas por
savelha e mesmo pela sardinha laje, que é mais barata. "Coletamos as
embalagens de peixes pré-embalados. Basicamente, são peixes congelados. Já
sabemos quais são as espécies mais usadas nas fraudes. Então, vamos direcionando
essas análises", disse o auditor.
Os
peixes frescos, esclareceu Araújo, são fiscalizados pelas secretarias estaduais
de Saúde.
A
cautela com o que é adquirido é de extrema relevância inclusive para evitar
alergias alimentares, já que uma pessoa pode, por exemplo, ter reação ao peixe
cação e não ter ao bacalhau, podendo ficar suscetível a mal-estar, caso não
seja avisada dessa substituição. Paulo Araújoa alertcou que o consumidor pode
estar atento a alguns sinais na identificação dos produtos, como comprar
somente produtos que passem pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF).
"Outro
ponto que a gente orienta é verificar a questão dos preços. Uma promoção muito
barata pode indicar que há alguma coisa errada com aquele produto, não só na
questão da substituição da espécie, como o glazeamento [congelamento que impede
a oxidação ou desidratação] compensado, a adição de substâncias químicas que
fazem o peixe inchar", afirmou.
Outro
mau indício é quando se nota que o produto que não rende a porção esperada devido
à perda excessiva de água durante o processo de descongelamento.
As
amostras colhidas pelas equipes nesta terça-feira serão examinadas no
Laboratório Nacional Agropecuário de Goiânia. O resultado das análises
laboratoriais da Operação Semana Santa deverá ser divulgado publicamente no
site do ministério, no dia 30 de março.
Empresas
infratoras
A
companhia que comete fraudes dessa natureza sofre punições do governo federal.
Quando o produto é importado, a empresa fica sujeita ao chamado regime de alerta
de importação, pelo qual as cargas do produto são liberadas para entrada no
país somente depois de examinadas.
No
caso de produtos nacionais, a empresa fica sob regime de medida cautelar, com a
distribuição condicionada à comprovação de qualidade satisfatória dos lotes. De
acordo com Paulo Araújo, atualmente há 46 empresas estrangeiras acusadas pelo
Ministério da Agricultura de fraudes diversas.
O
consumidor pode denunciar marcas com práticas de comercialização irregulares,
através da ouvidoria do ministério. Fonte: FolhaPE