Caso ocorreu no município de Riachão das Neves, no oeste do estado. Polícia acredita que boatos levaram à violação da urna funerária.
As pessoas que abriram o
túmulo de uma mulher mais de 10 dias após o sepultamento, por acreditarem que
ela tinha sido enterrada viva, devem responder por violação de urna funerária,
crime que está previsto no artigo 210 do Código Penal, com pena de reclusão de
um a três anos. O caso ocorreu no município de Riachão das Neves, no oeste do
estado.
A informação foi passada na manhã desta quinta-feira (15/02/18) pelo delegado Antistenes Benvindo, que atua
como plantonista regional da delegacia de Barreiras, também no oeste do estado,
e que fez o registro do caso. Ele diz que as investigações preliminares apontam
que a situação relatada pelos familiares não se sustenta em nenhum indício
plausível.
O delegado da cidade de
Riachão das Neves, Arnaldo Alves, que assumiu a apuração do caso após registro
inicial da delegacia de Barreiras, também contou à reportagem que as
informações que levaram familiares a violarem o túmulo não passaram de
"boatos".
Rosângela Almeida dos
Santos, de 37 anos, estava internada no Hospital do Oeste, em Barreiras, com um
quadro de infecção respiratória. No dia 28 de janeiro, ela teve o falecimento
atestado pela unidade médica após um quadro de choque séptico, quando a
infecção se alastra pelo corpo afetando vários órgãos.
No dia seguinte, ela foi
sepultada em Riachão das Neves. Onze dias depois do enterro, por acreditar que
a mulher tinha sido enterrada viva, um grupo abriu o caixão que tinha sido
depositado em uma urna funerária.
Investigações
Segundo o delegado
Antistenes Benvindo, a mãe da vítima estaria sonhando há dias que a filha
estava viva. Após a informação de uma moradora, de que teria ouvido gritos de
dentro da sepultura, familiares decidiram violar o caixão.
Em entrevista a mãe de Rosângela Almeida disse que o corpo dela foi
encontrado revirado no túmulo, com ferimentos nas mãos e testa, como se tivesse
tentado sair do caixão.
"Até aqueles preguinhos
que estavam em cima estavam soltos. A mãozinha tava ferida, como quem estava
arrumando, assim, arrumando o caixão para sair", disse Germana de Almeida.
Benvindo, entretanto, disse
que as informações não se confirmam. "Ela [a vítma] estava do mesmo jeito,
intacta. O irmão dela mesmo disse". O delegado também contou que as
informações sobre ferimentos nas mãos e na testa não são verídicas.
Sobre o relato de que o
corpo da vítima estava conservado, a polícia disse que informações médicas
relatam que o uso de antibióticos durante o internamento e o tempo chuvoso
favoreceram uma decomposição mais lenta.
O delegado também conta que
a mulher foi sepultada mais de 20 horas após o óbito e que, durante todo o
processo, que envolveu preparação do corpo para enterro e velório não houve um
sinal de vida.
Uma perícia foi feita no
túmulo, onde o corpo foi recolocado, e um laudo deve esclarecer a situação. O
prazo para divulgação do documento não foi divulgado. Segundo o delegado de
Riachão das Neves, que assumiu as investigações, todos os envolvidos no caso
devem ser ouvidos a partir desta quinta-feira.
Informações médicas
Em nota, a assessoria do
Hospital do Oeste informou que está à disposição dos familiares da vítima e
autoridades para prestar todas as informações necessárias. A reportagem entrevistou um
médico que integra a equipe de UTI da unidade médica, que preferiu não ser
identificado.
Ele contou que a paciente
tinha enfisema pulmonar e que foi hospitalizada com uma grave infecção
respiratória. NA UTI, nas últimas 24 horas antes da morte, o médico contou que
a mulher já apresentava um quadro "grave e irreversível".
O médico diz que, na UTI, a
paciente estava sob um grau de supermonitoramento, que tornaria impossível um
erro médico e consequente sepultamento da mulher com vida. A reportagem não conseguiu
contato com os familiares de Rosângela Almeida nesta quinta-feira. Fonte:G1