Prazo
de duração do desemprego subiu de 12 meses (em 2016) para 14 meses (em 2017),
segundo estudo do SPC Brasil e CNDL
O
Brasil começa a registrar uma leve recuperação econômica, mas o cenário para
quem está desempregado continua delicado. E o último dado do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta 12,3 milhões de pessoas
desempregadas no País. Para piorar, pesquisa divulgada ontem pelo Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL) revela que o tempo médio de desemprego chegou a 14 meses, maior
que os 12 meses observados em 2016.
Há
um ano e nove meses desempregado, o auxiliar administrativo Petrucio Bezerra da
Silva, 37 anos, perdeu a vaga após a escola onde trabalhava fechar devido às
dificuldades econômicas. Desde então, ele busca uma nova oportunidade.
“Trabalhei nesse local de carteira assinada durante cinco anos. Ajudava minha
mãe com as contas de casa, mas hoje ela está sustentando tudo. Estou colocando
currículos, surgem entrevistas, mas a concorrência é grande”, disse Silva, que
tem a expectativa de voltar ao mercado este ano.
De
acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a retomada do
emprego ainda é um processo lento. “Mesmo vivendo um momento de recuperação,
para quem está fora do mercado de trabalho está difícil. Não adianta apenas a
taxa de desemprego cair, é importante também os empresários enxergarem a venda
crescer para poder ter confiança na contratação”, explicou ela.
Para
conseguir voltar ao mercado, a maioria dos trabalhadores está disposta a ganhar
menos que no último emprego, 61% deles, segundo a pesquisa. Porém, esse número
teve uma diminuição em relação à pesquisa anterior, feita no fim de 2016 e que
registrou 68% de pessoas dispostas a receber um valor menor. “Com menos gente
aceitando ganhar menos, a confiança cresce. Isso pode ajudar o novo contratado
a melhorar o salário, já que os empresários enxergam esse número para avaliar
no momento da contratação”, registrou Marcela.
Após
sair do último emprego em janeiro deste ano, Rafaela Taís de Lima, 23 anos, não
descartaria receber um valor menor. “Houve uma diminuição no quadro de
funcionários e não pude continuar como recepcionista de um salão de beleza. E
com uma filha de seis meses, além de gastos fixos, como água e energia, a gente
precisa avaliar as condições e aceitar as propostas, já que é dinheiro de todo
jeito”, disse Rafaela.
Para
este ano, a economista do SPC Brasil ainda espera uma melhora tímida. “Números
maiores do trabalho informal são típicos da volta de uma recessão. Esse ano não
deve ter dados extraordinários, mas uma melhora no mercado de trabalho”,
finalizou Marcela. Fonte: FolhaPE