Michel Temer passou a trabalhar com a possibilidade de
antecipar as trocas do primeiro escalão depois que dois ministros pediram
demissão em uma semana
Apesar da expectativa de uma substituição gradual de
ministros que vão se candidatar nas próximas eleições, pelo menos metade deles
quer ficar em seus cargos de primeiro escalão até a data-limite, 7 de abril. Dos
14 ministros que estudam participar da disputa deste ano, 7 prometem ficar em
suas pastas até essa data. Três deles dizem que ainda não definiram quando
deixarão seus cargos e dois afirmam que não decidiram se vão se candidatar.
Outros dois não responderam aos questionamentos da reportagem.
O presidente Michel Temer passou a trabalhar com a
possibilidade de antecipar as trocas do primeiro escalão depois que dois
ministros pediram demissão em uma semana: Ronaldo Nogueira (Trabalho) e Marcos
Pereira (Indústria e Comércio Exterior). A expectativa era de que eles pedissem
exoneração em abril, quando a legislação eleitoral obriga que candidatos deixem
cargos no Executivo, mas ambos alegaram que precisavam sair para organizar suas
campanhas.
Nogueira, que é deputado pelo PTB do Rio Grande do Sul,
pretende se candidatar à reeleição. Pereira, presidente nacional do PRB, quer
disputar uma vaga na Câmara por São Paulo. "Todos os ministros que serão
candidatos têm que sair até março. Eu acredito que alguns podem sair antes do
Carnaval, mas é um processo e cada ministro vai avaliar o seu momento",
afirmou Carlos Marun (Secretaria de Governo).
Parte dos ministros quer ficar no cargo o maior tempo
possível para poder entregar obras que podem impulsionar suas candidaturas.
Alguns desses projetos ainda não estão concluídos e, portanto, eles resistem em
deixar os ministérios agora.
Procurados pela reportagem, disseram que deixarão o cargo
em abril os ministros Leonardo Picciani (Esporte), Osmar Terra (Desenvolvimento
Social), Marx Beltrão (Turismo), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia),
Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Ricardo Barros (Saúde) e Blairo Maggi
(Agricultura).
Mesmo ministros que não definiram uma data de saída apontam
que podem deixar o cargo apenas em abril, embora digam que podem antecipar o
cronograma. "Não estabeleci nenhum prazo. Evidentemente, tenho o prazo da
lei", disse Mendonça Filho (Educação).
Temer tentou realizar em dezembro uma reforma ministerial
para desalojar da linha de frente do governo os políticos que vão disputar
cargos nas urnas este ano. O presidente queria redistribuir esses espaços para
as siglas de sua coalizão, em busca de apoio para a reforma da Previdência. O
Planalto foi obrigado a recuar depois de uma forte reação dos partidos da base
aliada. Temer foi obrigado a chamar os dirigentes dos partidos para renegociar
o ritmo da reforma e decidiu adiá-la para este ano. Fonte: FolhaPE