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Serra recebeu R$ 52,4 mi em propina, diz delator

O Globo 
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente da Odebrecht e delator na Operação Lava-Jato, Pedro Novis, informou que a empreiteira distribuiu R$ 52,4 milhões em propina ao senador José Serra (PSDB). Os repasses começaram em 2002, durante a campanha presidencial do tucano. O primeiro pagamento foi de R$ 15 milhões.     

Uma outra bolada, no valor de R$ 23,3 milhões, foi paga em forma de propina a Serra em 2010, segundo o delator. O dinheiro seria uma contrapartida à liberação, pelo governo paulista, de R$ 170 milhões em créditos devidos a uma empresa do grupo Odebrecht, no ano anterior. O depoimento foi divulgado pelo jornal "Valor Econômico" e confirmado hoje pelo Globo.    

Assim que fecharam delação premiada, um grupo de executivos já havia confirmado à Procuradoria Geral da República (PGR) que José Serra havia recebido os R$ 23,3 milhões "por fora", além de mais cerca de R$ 25 milhões como doação oficial da Odebrecht para a campanha. Sobre o repasse de R$ 15 milhões, Novis informou que não conseguiu recuperar os registros dos repasses realizados pela Odebrecht.     

Em nota, a assessoria de imprensa do senador negou o recebimento de propina: “O senador José Serra esclarece que jamais recebeu qualquer tipo de vantagens indevidas de qualquer empresa ou indivíduo, especialmente da Odebrecht”. A assessoria ainda recorreu a trechos da delação de Novis. Em um trecho, ele diria: “Doutor, o senhor quer saber de uma coisa? Esse homem (que seria Serra) nunca nos ajudou. Nós sempre apostamos nele, essa é que é a verdade. Sei que os advogados estão aqui, ficam incomodados, mas eu tenho de dizer aos senhores”.     

“Por essa declaração de Pedro Novis fica claro que nunca houve retribuição, nunca houve recebimento de recursos ilícitos, nunca houve favores, muito menos propina como moeda de troca para beneficiar a empreiteira. O próprio delator desmente o fato”, diz Serra, segundo a assessoria.    

Outro trecho da delação diz: "Que considerava o secretário José Serra um administrador bastante austero, sendo que o mesmo inclusive se recusava a visitar as obras a pretexto de não se deixar comover pela grandiosidade dos projetos; que somente em 2002 o então candidato José Serra, que concorreu à Presidência da República naquele ano, solicitou recursos ao declarante".    

Segundo depoimento prestado ao delegado Luiz Zampronha, da PF em Brasília, o pedido de propina aconteceu pessoalmente no escritório ou mesmo na casa do senador.