O encontro faz parte de uma
estratégia do Planalto para tentar melhorar a imagem do presidente e tentar
explicar ao público a reforma da Previdência
O presidente Michel Temer
voltou a defender neste domingo (28) a reforma da Previdência e disse que, sem
a medida, Brasil poderá chegar à situação da Grécia, em que foi preciso cortar
o salário dos funcionários públicos.
A declaração ocorreu em
entrevista no "Programa Silvio Santos", no SBT, um dia após ter
participado do novo programa do apresentador Amaury Jr., na Band. Os encontros
fazem parte de uma estratégia do Planalto para tentar melhorar a imagem do
presidente e tentar explicar ao público a reforma da Previdência.
"Se não houver
reformulação da Previdência, vai acontecer daqui a dois ou três anos o que
aconteceu em Portugal e na Grécia, em que a dívida da Previdência é tão grande
e expressiva que lá foi preciso cortar, 30%, 40% dos vencimentos dos
funcionários públicos", afirmou.
Temer também voltou a citar o
deficit na Previdência e disse que, sem a reforma, o governo não terá dinheiro
para pagar a aposentadoria nos próximos anos.
"Hoje a dívida
previdenciária é de R$ 189 bilhões. No ano que vem, será R$ 220 bilhões",
disse.
O deficit do INSS, na verdade,
foi de R$ 182,5 bilhões no ano passado -o maior rombo da série histórica, que
começa em 1995. O deficit cresceu 21,8% em relação a 2016, quando o rombo foi
de R$ 149,7 bilhões. Quando o cálculo leva em conta o regime dos servidores
públicos da União, o deficit subiu 18,5% em 2017, para R$ 268,8 bilhões.
Durante a entrevista com
Silvio Santos, em clima descontraído, o presidente recebeu o apoio do
apresentador, que definiu a situação atual da Previdência como
"gravíssima" e "aflitiva".
Em conversa, Silvio disse que
deputados podem não querer aprovar a reforma por achar que Temer deseja
concorrer à reeleição, "o que não é verdade", emendou.
"Ele foi pego numa
situação em que foi obrigado a ser presidente. Não quer dizer que tenha vontade
de ser presidente de novo", disse o apresentador. "Esta deve ser a
preocupação dos deputados para que não aprovem a Previdência", completou.
Temer, no entanto, aproveitou
o momento para fazer um aceno aos parlamentares, dizendo que eles "têm
consciência" da necessidade de aprovar a reforma. "Eles pensam no
país. Nós todos estamos pensando no país. Estou pensando em deixar um legado
histórico, em as pessoas lá na frente vão dizer: 'mas esse Temer aí, ele
conseguiu fazer as reformas que o Brasil precisava", disse.
Em seguida, porém, pediu o
apoio da população para que "sensibilizem" os deputados para que
votem a favor da reforma. Antes de anunciar a entrada do presidente, Silvio
chamou a música "Apertar o Cinto", de Bezerra da Silva, e comparou as
dúvidas sobre o tema às ocorridas em outros momentos, como o confisco na
poupança na era Collor e a entrada do URV (Unidade Real de Valor, que antecedeu
ao real).
Temer aproveitou o fim da
conversa para fazer um gracejo ao apresentador. "Vou fazer uma coisa que
você faz com suas colegas de trabalho", disse, referindo-se à forma como
Silvio chama as mulheres que ficam na plateia. Em seguida, retirou uma nota de
R$ 50 e entregou ao apresentador.Fonte: FolhaPE