“Na minha opinião, se não
conseguir voto em fevereiro, não vota mais. Depois, nós vamos ter outras
agendas que precisam avançar”, disse o deputado
O presidente da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça-feira (15), em
Washington, que, se o governo não conseguir os votos necessários para aprovar a
reforma da Previdência em fevereiro, a Câmara não votará mais a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 287/2016. O início da discussão da matéria está
previsto para 19 de fevereiro.
“Na minha opinião, se não
conseguir voto em fevereiro, não vota mais. Depois, nós vamos ter outras
agendas que precisam avançar”, disse o deputado. Segundo Maia, entre as
matérias prontas para serem votadas no plenário da Câmara estão a desoneração
da folha, os supersalários e o foro privilegiado.
Pessimismo
Maia descartou que esteja
pessimista com a aprovação da reforma da Previdência. Na manhã desta
terça-feira, porém, Maia disse que prioriza a agenda da reforma "sem
nenhum tipo de otimismo, sem nenhum discurso em que a gente diga que esta é uma
matéria que estará resolvida em fevereiro de 2018”. Em discurso mais agressivo,
Maia disse que está sendo “realista” e que já existe “muito político mentiroso
no Brasil”.
“Não fiz discurso pessimista,
não posso ir para nenhum ambiente no Brasil e no exterior e mentir. Já tem muito
político mentiroso no Brasil, acho que chega. Está na hora de a gente falar a
verdade, e a reforma da Previdência não é uma votação simples”, afirmou.
O presidente da Câmara voltou
a dizer que o governo precisa reorganizar a sua base aliada para alcançar os
308 votos necessários à aprovação da reforma. Por se tratar de proposta de
emenda à Constituição, são necessários pelo menos dois terços do total de 513
parlamentares favoráveis à medida, o correspondente a 308 votos, para a matéria
ser aprovada pelo plenário, em dois turnos.
“Se está achando que a
organização do trabalho está lenta por causa do recesso, e isso é verdade, se
eu falar que está resolvido, que já temos os 308 votos, o que está lento pode
ficar pior, vai ficar todo mundo parado. Então, a gente tem que falar a
verdade, para que, em cima de um fato real, de que não é simples votar a
Previdência Este ano, a gente possa recompor a maioria, recompor a base de 320
[parlamentares] para ir para o plenário. Falar a verdade e ser realista ajuda
mais para uma votação do que ficar criando fantasia e, na hora da votação,
perder”, ressaltou.
Para o deputado, o governo e
sua base precisam identificar os pontos críticos da proposta, que ainda causam
dúvidas na população, para que a PEC possa avançar no Congresso Nacional.
“Acho que o governo ou os
partidos podiam fazer uma pesquisa para compreender onde está a rejeição [à
reforma da Previdência]”, disse. “Tenho certeza de que tem uma quantidade
enorme de brasileiros que não serão atingidos pela reforma da Previdência estão
contra. Então, tem que ter um planejamento que embase a pesquisa para que a
base do governo possa chegar à sociedade e explicar ‘você está contra uma
reforma que está te beneficiando’”, disse.
Segundo Maia, há setores da
sociedade que distorcem as informações sobre a reforma para não perder
benefícios. “Tem muita informação que não é verdadeira, que está sendo passada
por aqueles que não querem abrir mão de nada, parte do serviço público, e ficam
dando informações à base da sociedade, que está distante, menos presente nesse
debate, e ficam distorcendo o debate.”
Para o deputado, o
enfrentamento deve ser “com muita gente que usa um exemplo da sociedade, mas na
verdade está defendendo o seu próprio interesse”.
Rodrigo Maia participa, até
quinta-feira (18), de encontros oficiais com autoridades, políticos e
empresários nos Estados Unidos e no México. Fonte:FolhaPE