No dia anterior, o petista
teve sua condenação no caso do tríplex confirmada por unanimidade no TRF-4, o
que pode torná-lo inelegível.
Ao confirmar sua
pré-candidatura ao Palácio do Planalto, o ex-presidente Lula disse em reunião
das lideranças nacionais do PT nesta quinta-feira (25) que a campanha
presidencial do partido tem que seguir mesmo que aconteça uma "coisa
indesejável". No dia anterior, o petista teve sua condenação no caso do
tríplex confirmada por unanimidade no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª
Região), o que pode torná-lo inelegível.
"Espero que essa
candidatura não dependa do Lula", afirmou o ex-presidente. "Essa
candidatura só tem sentido se vocês forem capazes de fazê-la mesmo que aconteça
uma coisa indesejável. É colocar o povo brasileiro em movimento."
"E nós temos uma arma
poderosa. É cobrar deles [Judiciário], todo santo dia, que eles apresentem uma
prova de qual foi o crime que eu cometi", seguiu Lula.
O desembargador Leandro
Paulsen, revisor do processo de Lula no TRF-4, foi claro em seu voto ao dizer
que a prisão do ex-presidente poderá ser pedida assim que forem julgados os
embargos de sua defesa. O rigor da sentença encurtou o cronograma projetado
pelo PT para brigar pelo registro do nome de Lula na disputa pelo Planalto, mas
o partido reitera a intenção de seguir com a candidatura dele.
A presidente nacional da
sigla, senadora Gleisi Hoffmann (PR), voltou a negar no encontro que o PT
trabalhe com a possibilidade de um plano B. "Lula é o nosso candidato às
eleições de 2018", afirmou ela no palco, antes de colocar em votação a
candidatura do ex-presidente, aprovada por aclamação pelo auditório reunido na
sede nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), na região central de
São Paulo.
Cartel
Ao se defender, o petista
disse ainda ser vítima de um "cartel" dos juízes do TRF-4 que
confirmaram a sentença de primeira instância aplicada pelo juiz Sergio Moro e
aumentaram a pena.
"Um cidadão ficou seis
meses com o processo, o outro teve seis dias, o outro nem teve tempo de ler. E
eles construíram um cartel para dar uma sentença unânime para evitar o tal
embargo infringente. Eles formaram um cartel para tomar uma decisão com o
pretexto de apressar a possibilidade de evitar que o PT tenha o Lula como
candidato a presidente da República ou de evitar que a gente volte a ganhar as
eleições."
"Somente ontem [quarta]
eu compreendi o que era um cartel. Dava até para mandar para o Cade [órgão do
governo que investiga a formação de cartéis]", disse ele. O discurso, de
35 minutos, foi recheado de críticas à Operação Lava Jato e de frases em que o
petista diz estar de consciência tranquila após a sentença. "Se eles
tivessem encontrado um crime que eu cometi, eu sinceramente estaria aqui
pedindo desculpas para vocês. E eles sabem que o que eu estou falando é
verdade." Fonte: FolhaPE