Para o diretor do FMI, os
investimentos no Brasil devem ser postergados ou reduzidos na expectativa do
resultado das eleições
Em novo relatório sobre a
expectativa de crescimento do Brasil divulgado nesta quinta-feira (25), o FMI
(Fundo Monetário Internacional) considera que o processo eleitoral do país deve
pesar no desempenho da economia em 2018.
A incerteza sobre a
candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após sua condenação em
segunda instância nesta quarta (24), não chegou a ser levada em conta na
análise -mas é "um fator adicional".
"Um processo eleitoral
com maior nível de conflito gera mais incerteza, obviamente", afirmou a
jornalistas o diretor do FMI Alejandro Werner, que comanda as análises para a
América Latina. Recentemente, o órgão elevou a expectativa de crescimento do
Brasil, de 1,5% para 1,9% em 2018.
Werner afirma que a retomada
de investimentos no país, somada à queda da inflação e dos juros,
"surpreendeu" a equipe do FMI, e ajudou a melhorar a previsão de
crescimento. Ela é, porém, menos otimista que a de outros analistas, que preveem
uma taxa de quase 3% -o que se dá exatamente pela incerteza do processo
eleitoral.
Para o diretor do FMI, os
investimentos no Brasil devem ser postergados ou reduzidos na expectativa do
resultado das eleições, no final do ano -em especial, se os candidatos que
liderarem as pesquisas não se comprometerem com agendas de ajuste fiscal e
reformas como a da previdência e a tributária.
O diretor não chegou a
mencionar especificamente o ex-presidente Lula, que atualmente se opõe à
proposta da reforma da Previdência encampada pelo governo de Michel Temer
(MDB). Para o FMI, ajustes como a reforma previdenciária podem assegurar o
crescimento da economia brasileira a taxas sustentáveis, especialmente se
conseguirem controlar a dívida pública. "Essa é uma agenda pendente muito,
muito importante", afirmou Werner.
Previdência
Sob forte oposição de setores
da sociedade, a reforma da Previdência está sob impasse no Congresso. O governo
Temer não tem os votos suficientes para aprová-la, e negocia com os partidos. A
expectativa do governo era aprová-la até fevereiro, o que atualmente é
considerado difícil.
Para Werner, mais importante
do que a rapidez da reforma é a sua qualidade. "É mais importante que se
faça bem do que se faça rápido", afirmou o diretor do FMI. Segundo ele, o
ajuste ajuda a sanear as finanças públicas do Brasil no médio prazo. Um atraso
de quatro ou cinco meses em sua aprovação, portanto, não seria tão relevante
caso ela seja bem-feita e consiga controlar o deficit previdenciário.
No ano passado, o déficit da
Previdência Social chegou ao recorde de R$ 268 bilhões, segundo o governo. Fonte: FolhaPE