Dívida bruta é um dos principais
indicadores internacionais acompanhados pelas agências de classificação de
risco
O Banco Central (BC) estima
que a dívida pública do Brasil continue crescendo em janeiro. Segundo projeção
divulgada nesta quarta-feira (31), em janeiro, a dívida líquida deverá chegar
ao equivalente a 52,2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e
serviços produzidos no país).
A dívida líquida do setor
público, que é o balanço entre o total de créditos e débitos dos governos
federal, estaduais e municipais, fechou 2017 em R$ 3,38 trilhões, o que
corresponde a 51,6% do PIB, o maior valor desde julho de 2004.
De acordo com o chefe do
Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o aumento da dívida é
explicado principalmente pelo câmbio. A estimativa é que o dólar feche o
período em US$ 3,17, uma queda de 4,15% em relação aos US$ 3,31 registrados em
dezembro. "Uma apreciação do câmbio eleva a dívida líquida. A dívida
aumenta porque é credora da moeda estrangeira."
Rocha disse que a dívida
líquida tem crescido e, em geral, quanto maior é essa dívida, maior o esforço
do Estado para controlá-la e maior a conta de juros a ser paga. Já a redução da
dívida líquida tende a contribuir para a atividade econômica.
Dívida Bruta
Quanto à dívida bruta, que
contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais, a
estimativa também é de aumento. Em dezembro, a dívida bruta chegou a R$ 4,85
trilhões ou 74% do PIB. A estimativa para janeiro é que fique em 74,6%.
A dívida bruta é um dos
principais indicadores internacionais acompanhados pelas agências de
classificação de risco. As notas dadas pelas agências representam uma medida de
confiança dos investidores internacionais na economia de determinado país. Tais
avaliações servem como referência para os juros dos títulos públicos, que
representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos investidores.
As agências também atribuem notas aos títulos que empresas emitem no mercado
financeiro, avaliando a capacidade de as companhias honrarem os compromissos.
Perguntado se há alguma
expectativa de redução da dívida, Rocha disse que um dos caminhos possíveis é
um aumento da atividade econômica que leve a aumento do PIB e consequentemente
a uma redução da porcentagem da dívida. Outro caminho é o fiscal, com a redução
do déficit primário. A redução dos juros é outro fator que tem impacto positivo
na conta.
O resultado primário é
calculado pelas receitas públicas menos as despesas. "O resultado primário
é necessário para estabilizar a dívida. O Brasil precisa ser superavitário para
que [a economia] se estabilize, e a dívida comece a cair. Ainda não temos
superávit, temos déficit", afirmou Rocha.
De acordo com o resultado
divulgado hoje, o Brasil começa a recuperar as contas. O país fechou 2017 com
um déficit primário de R$ 110,6 bilhões nas contas públicas da União, dos
estados e municípios, o que corresponde a 1,69% do PIB. O valor foi o melhor
desde 2014. Fonte: FolhaPE