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Seis meses após enchentes que destruíram sua cidade, atacante recomeça na Europa


Azul, de 25 anos, tenta retomar carreira na Macedônia e sonha com novas oportunidades. Barreiros, em Pernambuco, foi um dos 31 municípios devastados pelas chuvas

A tão aguardada chuva trouxe para algumas pessoas mais tristezas do que alegrias em Pernambuco. Cinco mortos, mais de 55 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas, um verdadeiro cenário de guerra. Entre as 31 cidades atingidas pelas enchentes, que devastaram o estado, estava Barreiros, na Zona da Mata Sul. Uma das casas afetadas no município foi a do atacante Azul.


Então atleta do Central, o jogador de 25 anos deixou o clube para ajudar familiares e amigos. Seis meses depois da tragédia, ele começa a dar a volta por cima na Europa. Hoje atacante do FK Pelister, da Macedônia, ele relembra o momento em que recebeu a notícia das fortes chuvas.

Eu estava concentrado para o jogo contra o Coruripe, pela Série D. Recebi a notícia que estava entrando água em casa muito rápido. Pensei até em ir pra casa na hora, mas fiquei sabendo que não estava entrando carro na cidade.

Azul afirma que a família não perdeu tudo nas enchentes e explica porque resolver deixar o Central naquele momento para voltar a Mata Sul.


Depois do jogo eu cheguei no presidente e falei que não tinha mais cabeça para ficar. No momento, o Central já estava com dificuldade financeira. Eu já estava a um tempo sem receber, e depois dessa situação, resolvi ir para casa ajudar a minha família, esfriar a cabeça e esperar uma nova oportunidade.

E a nova chance no futebol não demorou a aparecer. Menos de um mês depois, ele recebe um contato do FK Pelister, da Macedônia.

Eu estava parado em casa. Aí um representante de uma empresa me ligou e disse que tinha me indicado na Macedônia. Me explicou como era e eu resolvi ir. Graças a Deus está dando tudo certo, consegui dois anos de contrato.

Sem falar inglês ou macedônio, o idioma está sendo um dos empecilhos na adaptação do atleta.

Aprendi algumas palavras básicas no idioma, o importante no futebol. Direita, esquerda, na frente, atrás... Também aprendi o básico em comida, a pedir nos restaurantes e falar com o garçom. O Fernando, do Rio, e o Lucas, de Goiânia, me ajudam com as orientações do técnico, sempre estão perto para traduzir.

O estilo de jogo europeu também é algo novo para Azul. É a primeira vez que ele defende um clube fora do Brasil.

No início, senti um pouco de dificuldade para me adaptar ao futebol europeu. É um jogo mais de toque de bola. No Brasil, procuramos sempre chegar mais rápido no gol. Lá eles tem muita paciência. Logo quando me adaptei, me machuquei, mas consegui voltar bem, jogando e fazendo gols.

Além do Central, Azul já defendeu times como CSA, Campinense e Náutico. Ele disse que tem a pretensão de seguir por um bom tempo no Velho Continente e sonha com oportunidades em clubes maiores.

Quero usar o Pelister como uma porta de entrada. Esses primeiros seis meses foram de adaptação. Me machuquei, perdi alguns jogos, mas voltei bem. Agora é voltar mais forte, fazer uma boa pré-temporada. Tudo é no tempo de Deus. Pretendo sair para outros times, atuar em um país como a Espanha.

Para ajudar as pessoas atingidas pelas enchentes na sua cidade natal, o atacante marcou o duelo duelo "Amigos do Azul" x "Onze da Saudade". A partida será no dia 17 de dezembro, no campo da Central. A entrada para a partida será 1 kg de alimento não perecível. Todo material arrecadado será doado para famílias carentes. Fonte: G1