De
volta ao Sport, técnico que dedicou 14 anos ao futebol japonês revela
aprendizados com asiáticos
Campeão
Brasileiro em 1990 pelo Corinthians, no primeiro título nacional do clube
paulista, o então ex-jogador e quase iniciante na carreira de treinador
Nelsinho Baptista não imaginava que o distante Japão teria papel tão importante
na sua vida. No total, são 14 anos dedicados ao futebol na Terra do Sol
Nascente, divididos em três etapas e quatro clubes: Verdy Kawasaki, Nagoya
Grampus, Kashiwa Reysol e Vissel Kobe. Desde outubro deste ano o treinador
anunciou que o seu ciclo japonês estava chegando ao fim e que pretendia
retornar ao Brasil de vez.
Logo, a torcida do Sport invadiu as redes sociais
pedindo o retorno do comandante do histórico título da Copa do Brasil 2008. Na
semana passada, esse namoro teve um final feliz, com o anúncio oficial seguido
da apresentação de Nelsinho Baptista como novo técnico leonino para a próxima
temporada. Dentre as mais variadas perguntas sobre saudade da Ilha do Retiro e
planejamento, o profissional falou sobre todos esses anos de experiência no
futebol asiático.
Num
comparativo histórico, o futebol japonês ainda engatinha. O grande
"boom" aconteceu no início dos anos 1990, quando os dirigentes
daquele país contrataram jogadores brasileiros famosos como Zico e Dunga para
divulgar o futebol e incentivar a população a olhar para os gramados com mais
carinho.
A Copa do Mundo de 2002, realizada em parceria com a Coréia do Sul,
foi outro ponto importante na trajetória nipônica. Acompanhando todo esse
processo, Nelsinho comentou uma das diferenças entre Brasil e Japão dentro das
quatro linhas. "Há muita evolução lá (no Japão), mas claro que existem
diferenças. Por exemplo, no futebol japonês temos que trabalhar mais
taticamente devido ao nível técnico dos atletas. Tem que ter sempre variações
para ajudar o atleta e o time a se desenvolverem. E o técnico só pode ajudar no
plano tático", explicou.
Em
2013, empolgado com o que via, Nelsinho chegou a declarar que o Japão tinha
boas possibilidades de ir longe na Copa do Mundo 2014, no Brasil. Porém, a
equipe japonesa foi a última colocada no seu grupo, inclusive sendo derrotada
por 2x1 na estreia contra a Costa do Marfim, na Arena de Pernambuco. Sobre a
forma como ainda enxerga o futebol, o treinador não rabiscou muito sobre o tema
e foi direto. "Ainda mantenho como base o 4-4-2.
Mas ele pode se
transformar num 4-3-3, num 4-2-3-1 ou um 4-5-1. Tudo é colocado em treinamento
porque hoje os jogadores têm capacidade de realizar esse trabalho",
explicou. Por último, falou sobre a sua despedida da Ásia. "Fui muito
feliz no Japão, não só no futebol como na convivência com as pessoas e com a
cultura local, mas era a hora. Conquistei títulos, acessos, amigos e tenho a
certeza que aproveitei de tudo um pouco que o Japão me deu", afirmou. Fonte: FolhaPE