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Dr. Evandro Mauro: Caso Eliel, Retrato Da Violência Em Belo Jardim


O Brasil mata 30 jovens por dia, entre crianças e adolescentes. A grande maioria é de preto e pobre, diz recente pesquisa da Fundação ABRINQ. No ranking mundial da violência contra jovens o Brasil só perde para Nigéria, país subdesenvolvido do continente africano.

Belo Jardim tem dado sua contribuição para essa estatística. Só esse ano 4 (quatro) adolescentes foram assassinados, e claro, em sua maioria pretos e pobres.

O garoto Eliel era preto, pobre e morava no beco de Eufrásio. Depois de uma semana desaparecido foi encontrado sem vida e “enterrado” num matagal. Esta brutalidade expôs uma das faces cruéis de nossa sociedade. Ninguém sabe o motivo, se é que pode haver motivos para tirar a vida de uma criança. Mas quem liga, era só um “Eliel do beco”. Embora ninguém fale, quase todos sabem o que está acontecendo.

A questão da violência nessa cidade é mais profunda que se imagina, e certamente a solução não passa por mais violência, muito menos pelas receitas prontas “arrotadas” nas redes sociais por quem mal sabe distinguir Jesus de Genésio. A! A culpa não é do Brasil que está violento, é de cada cidade que não faz seu dever de casa, de cada um de nós que prefere acreditar que a pena de morte seja a solução, desde que não seja nosso filho ou parente, claro. Se for com um de nós tudo é diferente, queremos nossos direitos, os melhores advogados, e, frequentemente, escondemos os culpados.

Ninguém é Eliel, pobre, preto, morador do beco, estigmatizado desde de tenra idade, ninguém se importa com jovens com esse perfil. Preferimos acreditar que em outubro de 2018 virá um salvador da pátria e limpará as ruas de cada cidade, trará a paz que desejamos, mas somos incapazes de construir, ledo engano.

É, Eliel. Amanhã serás esquecido como tantos outros, até que venha o próximo, e o outro, e mais um…o Brasil mata 30 jovens por dia, crianças e adolescentes, pretos e pobres…, mas nenhum é loiro de olhos azuis, nem rico, nem nosso parente, ainda.
Texto: Dr. Evandro Mauro.