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'Perdi meu amigo porque a UPA não tinha estrutura para recebê-lo', lamenta Otto

O encerramento do Festival Mimo, na noite deste domingo (19) em Olinda, ganhou ares de luto e despedida. A última atração da noite, a banda do cantor Otto, subiu ao palco com um integrante a menos. Horas antes, na madrugada do domingo, morreu o percussionista que o acompanhava há duas décadas, o músico Marcos Antonio Alves, o Marcos Axé, de 38 anos. Ele foi vítima de uma parada cardíaca enquanto dormia, chegou a ser socorrido e levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu. "Só mesmo a magia do palco para celebrar este grande músico, amigo, irmão, filho e parceiro de vida", comentou Otto, que dedicou o show a Marco 

"Perdi meu amigo porque ele chegou às 4h na UPA. E não tinha infraestrutura pra recebê-lo. Ele é de Peixinhos, negro. Não aguento mais perder pessoas por conta disso", lamentou cantor. De acordo com ele, o músico passou horas sem receber atendimento. O corpo foi velado na tarde do domingo, na Associação de Moradores de Peixinhos, em Olinda. O prefeito do município, Professor Lupércio, declarou três dias de luto pela morte do "filho de Peixinhos". O músico estava acompanhando Otto em apresentações pelo Brasil, na turnê do disco recém-lançado Ottomatopeia. 

A carreira de Marcos Axé começou na década de 1990, no grupo de samba-reggae Lamento Negro, que divulgava a importância da consciência negra. Junto a isso, foi importante para sua trajetória musical a experiência adquirida nos terreiros de candomblé de Olinda e do Recife, onde tocava diversos instrumentos percussivos.    

Após passagem pela banda Baião D3, foi convidado para tocar com Otto na gravação do disco Samba pra burro (1998). Também teve breves passagens pela Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Rumbanda, Grupo Coco de Mazuca. Nos últimos anos, divulgava o projeto de carreira solo Negrito guapo, um de seus apelidos.    

O disco de estreia dessa nova fase foi gravado com produção de Bactéria e participação de China (Del Rey e Sheik Tosado), Hugo Gila e Rapha B (Orquestra Contemporânea de Olinda), Zé Brown (Faces do Subúrbio), Zé CafofinhoJosildo Sá e Toca Ogan (Nação Zumbi). A sonoridade do álbum passeava entre o reggae, samba, afrobeat e brega. Fonte: Diário de Pernambuco