Agora Huck flerta com outro personagem: o de presidenciável
Foi-se o tempo em que
Luciano Huck recorria a modelos seminuas para empinar a audiência. Esperto, o
apresentador farejou a mudança do vento e trocou o chicote da Tiazinha pelo
marketing da caridade. Passou a distribuir dinheiro, reformar casa, promover
casamento. Deu uma cara nova ao velho assistencialismo televisivo.
Agora Huck flerta com outro
personagem: o de presidenciável. "Quero e vou participar deste processo de
renovação política no Brasil", afirma, em artigo publicado pela Folha na
quarta-feira. Como os profissionais do ramo, ele evita revelar seus próximos
passos. "Fora do dia a dia da política, minha contribuição pode ser mais
efetiva", desconversa.
O apresentador se movimenta
sem muita discrição. Ele tem conversado com quatro partidos: DEM, PPS, Rede e
Novo. Nas últimas semanas, recebeu ao menos dois ministros do governo Temer. Um
interlocutor diz que ele é cauteloso, mas demonstra "muita vontade"
de se lançar. A ideia ganhou força com o desgaste de João Doria, que surfou a
onda da antipolítica em 2016.
Há seis meses, o Datafolha
testou o nome de Huck num cenário com dez presidenciáveis, e o apresentador
ficou com apenas 3% das intenções de voto. Seus amigos apostam num crescimento
rápido se ele assumir a candidatura até abril de 2018.
Os entusiastas da ideia
dizem que o apresentador daria um rosto simpático ao discurso impopular das
reformas. Seria uma boia para os náufragos do governo Temer e do PSDB. Ao mesmo
tempo, ele teria potencial para "entrar no Nordeste" e disputar votos
nas bases do lulismo.
A aventura seria mais
arriscada para o próprio Huck, que teria que abrir mão de contratos milionários
e da paz das celebridades. Nos últimos dias, ele já passou a ser cobrado pela
proximidade com figuras como Aécio Neves, Sérgio Cabral e Eike Batista.
Explicar essas amizades numa campanha pode ser mais difícil do que consertar
uma lata velha na TV. Fonte: Folha de S.Paulo