Crianças de todo o País passarão a ser vacinadas contra a
febre amarela a partir do próximo ano. A estratégia foi recomendada por um
comitê assessor ao Ministério da Saúde, que a partir de agora deverá definir
como a medida será colocada em prática.
"Em cidades menores, a cobertura poderá ser feita
por meio de campanhas, para haver maior aproveitamento das doses", afirmou
a coordenadora do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Carla
Domingues.
Em outros locais, a vacinação poderá entrar na rotina. A
inclusão da vacina de febre amarela para crianças de todo o País vem sendo
estudada pelo Ministério da Saúde desde o início do ano. Como informou o jornal
O Estado de S. Paulo em janeiro, técnicos aguardavam apenas o fim da epidemia
para que a medida fosse anunciada.
Nesta quarta-feira, 6, o ministro da Saúde, Ricardo Barros,
declarou o fim do surto, o pior registrado no País desde que registros da
doença começaram a ser contabilizados.
A reportagem apurou que a definição sobre como a
estratégia de inclusão da vacina para todas crianças de 9 meses depende de
disponibilidade do imunizante. Técnicos da área temem que, uma vez incorporada
a recomendação, não haja disponibilidade da vacina para todos os postos do
País.
Para evitar o desabastecimento, a equipe agora avalia
qual seria o aumento da demanda para definir por onde e quando a nova
estratégia de proteção começará a ser colocada em prática. Uma das
possibilidades é de que campanhas sejam feitas em ciclos, começando por locais
considerados de maior prioridade até alcançar todos os municípios
brasileiros.
O Ministério da Saúde anunciou ainda a ampliação das
áreas onde a vacinação contra febre amarela deverá ser feita de forma rotineira
para toda a população. Também por causa do limite de produção do imunizante, a
ideia é priorizar neste momento cidades da Bahia e São Paulo.
Em virtude do surto, São Paulo aumentou esse ano em 44 o
número de cidades consideradas de risco. "Essas áreas vão permanecer com
essa recomendação permanente, como já é praxe. Mas a equipe avalia agora também
a possibilidade de que outras cidades entrem também para esse mapa onde a
vacinação é de rotina", disse Carla.
O Brasil enfrentou este ano a pior epidemia de febre
amarela da história. Até 1º de agosto, foram confirmados 777 casos e 271 óbitos
pela doença. Para conter o avanço, o Ministério da Saúde intensificou a
vacinação em 1.121 municípios nos Estados de Minas Gerais, Rio, São Paulo,
Espírito Santo e Bahia.
Do total, no entanto, apenas 205 cidades estão com a
cobertura vacinal acima de 95%, considerada a ideal. A média nos Estados ainda
é considerada baixa, em 60,3%. O ministro da Saúde afirmou ser necessário o
esforço para que os índices de população imunizada aumentem.
Mas mesmo com esses baixos índices de cobertura, o
ministro avalia que o risco de uma epidemia de febre amarela no próximo verão é
menor. "A expectativa é de que não haja um novo ciclo com grande número de
casos", disse. Além da leve melhora na cobertura vacinal, ele atribuiu a
maior tranquilidade ao fato de que a Febre Amarela ocorre tradicionalmente em
ciclos. Epidemias geralmente ocorrem a cada 7 ou 8 anos.
Fonte: Diário de Pernambuco