Neymar Jr. ocupa as
manchetes dos veículos de imprensa por diversos motivos: gols, baladas,
transferência bilionária entre clubes e sua fé evangélica. O jogador do Paris
St. Germain contribui com o dízimo desde que era jogador das categorias de base
do Santos, e seu pastor garante que ele continua fazendo o mesmo atualmente.
O camisa 10 do PSG foi
criado frequentando a Igreja Batista Peniel ao lado da mãe, Nadine, e mantém
sua crença de contribuição do dízimo para a denominação. Sem revelar cifras, o
pastor Newton Lobato – que dirige a congregação de São Vicente – garante que o
multimilionário jogador faz suas doações anualmente.
A revista Veja publicou uma
entrevista com Newton Lobato e chamou atenção para o fato de que, se Neymar
entregar á igreja 10% de seus ganhos, o valor pode chegar a R$ 22,6 milhões por
ano. Atualmente, o jogador recebe apenas do PSG o equivalente a R$ 111 milhões
a cada 12 meses, fora os contratos de publicidade, que geram renda ainda maior.
O pastor Lobato, amigo
pessoal de Neymar, afirmou que o jogador e a família seguem com um vínculo muito
forte com a igreja, lamentando que a distância por conta da mudança para a
Europa o deixou “vulnerável”, mas lembrou que o sucesso dele como atleta foi
previsto em uma profecia, durante um culto, há muitos anos.
Confira a entrevista do
pastor de Neymar na íntegra:
Como Neymar entrou para a
igreja?
O trabalho que a igreja faz
com jovens atingiu a família Neymar. Ele chegou com 8 anos. Depois vieram o pai
e a irmã. A mãe foi a última. Quando o Neymar se tornou um jogador
profissional, a presença dele ficou menos frequente, com os jogos às quintas e
domingos, mesmos dias dos cultos. Mas a ligação segue muito forte com a
família, e com ele também.
Como ficou a relação quando
ele foi para o Barcelona?
O contato ficou ainda menor.
O Neymar vinha para o Brasil poucas vezes, durante as férias, e às vezes tinha
de jogar com a seleção brasileira. Hoje nos falamos pelo WhatsApp. Sempre
conversamos, o contato com a família é grande, nos tornamos amigos. A cada duas
semanas gravo mensagens bíblicas, com meditações e orações, com duração de
quatro minutos. Mando para várias pessoas que estão longe. Sempre envio essas
mensagens para o Neymar e família.
O senhor falou com o Neymar
neste período da transferência para o PSG?
A família naturalmente ficou
preocupada, queria tomar a decisão certa, e veio falar comigo. Eu liguei para o
Neymar, para saber como ele estava. Conversamos um pouco antes do amistoso do
Barcelona contra o Real Madrid nos Estados Unidos (último jogo do brasileiro no
clube catalão). Ele me disse que tinha convicção do que estava fazendo, que
estava em paz, que queria fazer essa tentativa e que estava feliz em mudar de
time. Relatou que houve muita pressão, e que foi muito difícil. O Neymar me
pediu para orar por ele nesse momento de pressão. Fiz isso, pedindo que esteja
sempre na direção certa.
Então o senhor sabia que ele
iria para o PSG antes do anúncio oficial?
Sim. Eu acompanhei o Neymar
em todas as fases da vida dele. Desde que jogava no Portuários, e depois no
Santos. Estive presente desde a primeira vez em que ele assinou um contrato
profissional. A família me pedia não somente orações mas também para conversar
e acompanhar a situação. Quando ele se transferiu para o Barcelona, a família
me pediu para estar junto deles. E neste momento (ida para o PSG) não foi
diferente. Foi uma decisão importante, que mexeu com a estrutura do futebol
mundial. Houve um medo da família em tomar a decisão errada. Era preciso
certeza de que ele estava em paz.
Qual foi o principal
conselho que o senhor deu a ele nesta transferência?
Nós pastores entendemos que
Deus vem sempre em primeiro lugar. Vejo que Deus esteve presente na vida dele
em todos os momentos. As coisas nunca foram fáceis para o Neymar, tudo foi sempre
difícil, mas as portas se abriram. Ele sempre tomou as decisões certas. Falei
para ele orar a Deus, para que o orientasse. Este é o principal conselho que
damos. O Neymar não está podendo congregar como antes. De alguma maneira ele
tem temor de Deus, tem os princípios cristãos no coração.
O senhor aprovou a mudança
para o PSG?
Ele foi muito criticado
pelos torcedores do Barcelona. Uma torcida é sempre apaixonada pelo clube. Eu
sou santista, e quando o Neymar saiu do Santos é lógico que eu não gostei. Não
tem como. São poucos no mundo como ele, menos de quatro. A torcida fala que ele
saiu por dinheiro, mas sabemos do caráter e dos princípios dele. Sabemos que a
transferência não aconteceu por dinheiro. Foi por uma tentativa de fazer algo
diferente.
Muita gente disse que ele
saiu por dinheiro. Conhecendo o caráter dele, e sabendo que o desejo dele era
realmente jogar nesse time, o dinheiro não foi o principal motivo. Ninguém é
hipócrita de dizer que um pouco mais de dinheiro não ajuda. Mas não foi esse o
principal motivo.
Quando foi a última vez em
que vocês estiveram juntos?
Foi no ano passado, antes da
Olimpíada no Rio. Sempre antes desses torneios nos encontramos para conversar e
orar. Antes dele se apresentar à seleção brasileira, estive na casa dele no
Guarujá.
E a última vez em que ele
esteve na igreja?
Ele frequentava a de Santos.
A última vez em que esteve lá deve fazer pouco mais de um ano.
Como o senhor define o
Neymar como fiel e como pessoa religiosa?
A palavra de Deus e as
crenças entram no coração da pessoa. Ele teve alguma experiência com Deus, como
qualquer fiel. Por mais que as pessoas se afastem da igreja, os princípios não
morrem. O Neymar está distante da igreja, mas os valores e o que aprendeu não
morrem. Quando ele se aposentar e tiver mais tempo, com certeza vai poder se
dedicar mais.
O senhor se encontrou com
ele também antes da Copa de 2014?
Não. Estive com ele depois
daquele incidente, em que se machucou (no jogo contra a Colômbia). Fui na casa
dele no dia seguinte em que chegou. Nós oramos e conversamos. A partir daí
adotamos esse princípio de estarmos juntos antes de algum grande evento, para
orarmos. Na Olimpíada, a família pediu para ir lá e conversar um pouco, para
ele se preparar para aquele momento.
Há previsão de novo
encontro?
É difícil. A minha agenda é
complicada, mas nem se compara à dele. Não sei quando vamos nos encontrar
novamente.
Como avalia o comportamento
dele fora de campo?
Ele não está na igreja, na
comunhão mais direta. Até pela distância e a vida que ele leva, não comunga
como no começo. Isso naturalmente torna a pessoa vulnerável. Não posso condenar
estas atitudes. Ele tem o temor e a palavra de Deus. A pessoa se afasta do
caminho, mas não sem deixar de crer e de servir.
Ele continua pagando dízimo?
Isso é confidencial. Mas
todo ano ele nos manda uma doação. Ele não se esqueceu da igreja, tem gratidão.
Algumas pessoas saem da igreja e não dizem nem adeus. O Neymar, mesmo sem poder
vir e congregar, todo ano manda uma doação para a igreja.
É só anual?
Sim. Uma doação anual única,
ou a divide em meses. Vejo isso como agradecimento, uma lembrança e um temor a
Deus.
O senhor poderia falar o
valor?
Não falo o valor dele nem o
de ninguém. É confidencial. Esse dinheiro não vem para a minha conta. Vai para
a igreja.
O senhor se considera um
líder espiritual e religioso do Neymar?
Durante um período, sim. Mas
ficou difícil estar mais próximo. Mas quando ele precisa conversamos e
estendemos as mãos. Existe amizade e um carinho muito grande.
Quais as principais
lembranças que tem dele?
O principal assunto que
conversamos é futebol. Ele gosta disso, e eu também. Desde pequeno, às
segundas-feiras na igreja, ele jogava futebol, ao lado do Paulo Henrique Ganso.
Jogavam até 11 da noite. Me foi dada a palavra que ele seria um dos maiores
jogadores do mundo. São dons espirituais que às vezes as pessoas não conhecem.
Passei isso para ele na frente de toda a congregação, umas 800 pessoas. Ele
tinha 14 anos. Essa palavra se concretizou. Fonte: Gospel +