OS AUSENTES
Quando olhamos a política
através das lentes de uma paixão/ideologia, essa política que se vê é
necessariamente um reflexo alterado pela própria lente da paixão ideológica. E
em Belo Jardim todos vemos a situação com uma ideologia política, seja qual
for, seja que partido for, conscientemente ou não aqui toda visão de política é
carregada com as alterações particulares de cada um. Disso podemos concluir que
as ideologias partidárias – aquelas que as temos como verdades críveis escritas
com a própria caneta de Deus -, não passam de impressões vagas, às vezes
certas, às vezes não.
O conflito ideológico
partidário, com a maturidade que lhe deve ser deferida, é sobre tudo fruto da
saúde democrática. A beleza da disputa de ideias é a medida da ambição humana
de supera-se, as ideias quando deixam de se contrapor e partem para o
confronto, tornam-se um veneno mortal.
O resultado das eleições de
2 de julho é uma decorrência da visão do debate partidário que ainda temos, se
certo ou errada, depende da lente ideológica que dispomos. É saudável que a
haja a alternância de uma visão política para outra, de modo a estar sempre se
buscando o equilíbrio democrático. O essencial é que o fanatismo seja afastado
de qualquer debate, pois é ele o veneno letal que corrompe todas as lentes das
paixões.
Talvez, ainda, o que mais
contribua para pobreza ideológica partidária que rodeia nossa política, seja a
ausência de muitos. Há um ditado grego que diz: “Os ausentes nunca têm razão”.
Isso é fato. A democracia, o debate, as ideias, precisa de cada um, que cada um
adquira sua lente e participe, a final, o que atinge a sociedade a cada um de
nós atingirá, pois somos ela própria.
O que vale, ao final, é não
estar ausente quando alguém vai decidir por nós. E eles decidirão por nós,
escolherão por nós, comandarão por nós. E a nós, ausentes, caberá somente
lamentar.
Texto: Dr. Evandro Mauro