Pré-candidato à Presidência
da República, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tem viajado pelo país com
passagens aéreas bancadas pela Câmara para participar de atividades políticas.
Em um primeiro momento, a assessoria de imprensa do deputado afirmou que esses
deslocamentos eram pagos por Bolsonaro do próprio bolso. Depois, confrontada
com a prestação de contas da cota parlamentar a que tem direito, a assessoria
do deputado afirmou que essas atividades têm relação com o exercício do
mandato.
Os deputados federais têm
direito a reembolso de despesas com passagens aéreas, alimentação, hospedagem e
aluguel de carros, entre outras, desde que exclusivamente vinculadas ao
exercício da atividade parlamentar. A cota de Bolsonaro é de R$ 35.759,97 por
mês. O valor depende da unidade da federação que o deputado representa, por
causa da variação do preço das passagens aéreas entre Brasília e o domicílio
eleitoral.
De acordo com a prestação de
contas da cota parlamentar, o gabinete de Bolsonaro emitiu, no dia 5 de julho,
por exemplo, passagens para o deputado viajar de Brasília para Campo Grande
(MS) e retornar para o Rio, com escala em Campinas, pela Gol. Não é possível
verificar as datas dos voos. A ida custou R$ 804,64 e a volta para o Rio, R$
915,39.
Uma semana depois, no dia 12
de julho, Bolsonaro chegou no aeroporto Campo Grande para uma agenda de dois
dias. Ele foi recebido, como de costume, por uma multidão aos gritos de
"mito", "Bolsonaro presidente da República" e "nossa
bandeira nunca será vermelha", em referência ao PT, um de seus principais
alvos.
O deputado fez um discurso
logo depois de desembarcar. “No que depender de mim, todo cidadão de bem terá o
direito de ter uma arma de fogo em casa”, afirmou ele, em seu discurso,
ressaltando logo em seguida que não estava em campanha.
Essa tem sido uma
preocupação de Bolsonaro para evitar eventuais punições da Justiça por
propaganda eleitoral antecipada.
“Deixo claro que essa nossa
viagem não tem qualquer conotação político partidária e muito menos eleitoral”,
disse ele, em vídeo para anunciar sua visita a Mato Grosso do Sul.
A principal agenda no estado
era no dia seguinte, no município de Nioaque: a celebração dos 150 anos da
retirada da Laguna, um dos episódios mais dramáticos da Guerra do Paraguai.
Bolsonaro serviu de 1979 a 1981 no 9º Grupo de Artilharia de Campanha (9º GAC),
uma unidade do Exército localizada em Nioaque.
No dia 5 de maio, o gabinete
de Bolsonaro emitiu passagens de Brasília para Florianópolis, por R$ 571,69, e
de Navegantes (SC) para o Rio, a R$ 1.179,39, pela Gol. O deputado chegou na
capital de Santa Catarina no dia 18 de maio e fez palestras nos dias seguintes
em Joinville, Jaraguá do Sul e Blumenau, além de conceder entrevistas.
Na mesma data, 5 de maio,
foram emitidas passagens para Bolsonaro de Brasília para Londrina (PR), por R$
568,69, e de Maringá (PR) para o Rio, a R$ 1.097,39. Os dois trechos foram
comprados na Gol. O deputado fez palestras em Londrina, no dia 25 de maio, e em
Maringá, no dia seguinte.
Na quinta-feira, Bolsonaro foi
alvo de uma ovada durante visita a Ribeirão Preto (SP). Em vídeo divulgado em
redes sociais, o político aparece dentro de uma lanchonete, cercado de
apoiadores, quando uma manifestante o atinge com um ovo no ombro. Bolsonaro
estava na cidade para palestra organizada pelo PEN (Partido Ecológico
Nacional). Surpreso após a hostilidade, Bolsonaro deixa o local em seguida,
enquanto a mulher foi contida. Fonte: O Globo