BELO JARDIM SE MOVE PELO
ACASO
Belo Jardim se move pelo
acaso, já o dissemos outras vezes. As forças naturais do progresso fazem a
curva na primeira esquina e se desviam dessa terra, só pode ser. Aqui, os
ímpetos morais não costumam ter o mesmo peso, ou nunca tiveram. Por isso mesmo,
por nadarmos no charco da frouxidão das consciências e dos votos comprados, os
ímpetos morais são jogados às favas; a lei do nepotismo, -que proíbe o acumulo
de cargos por parentes e tenta evitar que o poder fique nas mãos de poucas
pessoas, aqui não tem força moral nem jurídica, comprar votos e declarar que
comprou votos é normal já que todo mundo faz, e se todo mundo faz, comprar um
vereador está no pacote. Aqui, onde a moral e a ética são relativas, o sistema
é amigos dos amigos, e a consequência disso é que cada vez mais estamos
separados em castas sociais, políticas e econômicas nessa mísera cidadela.
Essa onda de acaso que nos
move, ou nos arrasta, por vezes nos arremessa ao passado; aqui ainda se assalta
a cavalo, o hospital que nem bem abriu poderá fechar, a central de
abastecimento está fechada e os feirantes voltaram às ruas como antigamente. E
como antigamente vivemos sem matadouro, sem um local decente para as feiras dos
bairros, ainda somos “comidos” por muriçocas e, vivemos no fio da esperança.
Eu, pelo menos, não quero
saber de quem é a culpa, se de João, Gilvandro, de Hélio, de Júlio Alves ou da
“mãe de pantanha”, eu quero que me digam que vão resolver e revolvam, que olhem
para nós, os “ninguéns”, que nos ouçam. Ou talvez a culpa seja nossa, minha e
sua, minha, sua e de muitos que não se apropriam do poder que tem e não se
engajam na busca de mudanças. Enquanto não for assim, essa cidade será
arrastada pelo acaso e pela vontade dos imorais.
Texto:Dr. Evandro Mauro.