Os desdobramentos judiciais
do acidente aéreo que matou Eduardo Campos ainda geram incertezas ao grupo
político do ex-governador de Pernambuco e ao seu legado três anos depois da
queda do avião em Santos (SP), completados neste domingo (13).
E podem se tornar o centro
da disputa pelo governo de Pernambuco no próximo ano.
Três dos principais
envolvidos na Operação Turbulência, iniciada com uma investigação sobre o
arrendamento do jato no qual Campos viajava, assinaram acordos de delação
premiada com o Ministério Público Federal no início deste ano.
Os empresários João Lyra
Pessoa de Melo Filho, Apolo Santana Vieira e Eduardo Freire Bezerra Leite
prometem dar detalhes sobre transações financeiras envolvendo superfaturamento
de obras ligadas ao governo de Pernambuco. Lyra era apontado como elo entre
Campos e empreiteiras.
Os três empresários são
acusados de formação de organização criminosa, lavagem de dinheiro, pagamento
de propinas e crimes contra o sistema financeiro.
De acordo com o Ministério
Público, os suspeitos teriam movimentado dinheiro de forma fraudulenta entre
empresas de fachada. O esquema teria vigorado entre 2010 e 2014 e movimentado
cerca de R$ 600 milhões, segundo a Polícia Federal.
Apontados como donos do
avião que transportava Campos, os empresários estão sendo processados por
moradores de Santos que tiveram seus imóveis danificados com a queda do avião.
Também correm ações contra a AF Andrade, holding apontada como operadora do
jato, e o PSB. Todos negam judicialmente responsabilidade de ressarcir os
prejuízos.
Em janeiro, a PF deflagrou a
Operação Vórtex como um desdobramento da Turbulência. A ação investigou a
participação de uma terceira empresa, a Lidermac, na compra da aeronave.
Na época, o PSB contestou a
existência de qualquer irregularidade envolvendo o partido e a empresa,
alegando que fez apenas uma doação de R$ 500 mil ao PSB na campanha de 2014 de
forma oficial.
O partido também afirmou ter
confiança na "conduta sempre íntegra" do ex-governador Eduardo
Campos.
O PSB de Pernambuco ainda
enfrenta a situação de ver três dos principais afilhados políticos de Eduardo
Campos serem alvo de inquéritos: o governador Paulo Câmara (PSB), o senador
Fernando Bezerra Coelho (PSB) e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB).
Câmara deve disputar a
reeleição ao governo do Estado e poderá enfrentar nas urnas Bezerra Coelho, que
negocia uma migração para o DEM.
Os dois, além do prefeito
Geraldo Júlio, são alvos de inquérito na Operação Fair Play, que investiga um
suposto superfaturamento de R$ 42 milhões nas obras de construção da Arena
Pernambuco para a Copa 2014.
OUTRO LADO
Prefeito, governador e
senador negam irregularidades. Em nota, o governo de Pernambuco afirmou que a
licitação para a construção da Arena Pernambuco observou todos os requisitos,
prazos e exigências da Lei de Licitações e da Lei das Parcerias
Público-Privadas.
O governo ainda afirmou
"sua posição de absoluta transparência na gestão de recursos
públicos".
O advogado de Bezerra
Coelho, André Luís Callegari, afirma que "todas as operações referentes à
licitação do estádio foram julgadas regulares" pelos tribunais de Contas
da União e do Estado.
Coelho também é alvo de
outros três inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) sob suspeita de
corrupção e lavagem de dinheiro.
A defesa do senador
pernambucano classifica as acusações como "absolutamente descabidas". Fonte: Folha de S.Paulo