A agente do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em
Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que acusa um advogado de
injúria racial, prestou depoimento na tarde desta sexta-feira. Ela voltou a
dizer que recebeu uma banana do passageiro depois que ele se irritou com um
erro no computador da companhia aérea. “Fiquei em choque”, comentou. Por sua
vez, o defensor negou as acusações e disse ter entregado a fruta para a jovem
por achar que ela estava com fome. De acordo com a Polícia Civil, ele foi preso
em flagrante por injúria racial. Foi arbitrada fiança de R$ 3 mil.
O ato aconteceu por volta das 7h30. De acordo com a
agente de aeroporto Aline Tatiane Campos, de 35 anos, que acusa o advogado, o
homem se irritou ao ser cobrado equivocadamente pelo despacho de uma caixa.
Como cliente vip e por ter crédito com a companhia aérea, ele estava liberado
do pagamento, mas o computador em que Aline trabalha não acusou o bônus.
O problema com o despacho da caixa foi resolvido com a
ajuda de outras funcionárias, que descobriram que o advogado tem dois registros
no sistema da Azul. Resolvido o impasse, ele abordou a agente e a entregou a
banana. "Ele me disse que eu havia esquecido algo. Respondi que não.
Então, ironicamente, retirou uma banana da bolsa e me deu. E disse assim: 'Você
prefere uma maçã? Não, né? Banana mesmo'. Fiquei em choque e ele foi para o
saguão. Embarcou", recordou Aline.
Em entrevista à TV Globo, ele negou o cunho racial de seu
ato. “Não consigo ver isso em relação à cor da pessoa. Foi oferecido como uma
fruta, não só banana, maça e biscoito”, justificou o advogado, que sugere seu
ato como solidário à funcionária, que iniciou jornada de trabalho às 4h. “Esse
é meu jeito. Não vou mudar”, pontuou.A mulher e testemunhas disseram o
contrário. "Em pleno século 21... Fiquei em estado de choque quando ele me
entregou uma banana. O senhor já chegou arrogante. Perguntei-lhe o destino é
ele me respondeu que iria para o céu", indignou-se a agente.
Colegas de trabalho da agente a orientaram relatar o fato
à gerência da companhia, que acionou a Polícia Federal. O gerente da Azul
entrou no avião e pediu que o advogado levantasse e o acompanhasse. Agentes da
Federal aguardavam o senhor no saguão. Neste momento, 16h50, Aline e o advogado
prestam depoimento numa delegacia de plantão em Vespasiano, na Grande BH,
responsável pela cidade vizinha de Confins.
Em nota, a Azul Linhas Aéreas informou que “já está
prestando assistência à sua tripulante e que não vai comentar o caso para não
atrapalhar o inquérito policial". Fonte: Diário de Pernambuco