Três dos quatros ministros
pernambucanos seriam mantidos pelo presidente por Rodrigo Maia
A essa altura do campeonato,
não se tem mais dúvida de que a Câmara dos Deputados dará autorização ao STF
para processar e julgar o presidente Michel Temer por crime de corrupção
passiva. O presidente ainda teria hoje os 172 votos necessários para o
arquivamento da denúncia, mas a base do governo está se desintegrando com tanta
rapidez que talvez na próxima semana ele já não tenha mais. O relator do processo
na Comissão de Constituição e Justiça, deputado Sérgio Zveiter, do PMDB do Rio
de Janeiro, deve dar um parecer pela admissibilidade da denúncia, o que
certamente influenciará muitos indecisos no plenário. O presidente Rodrigo Maia
tem plena consciência dessa situação e por isso já se articula para a
eventualidade de ser convocado pela Constituição para substituir Michel Temer
por 180 dias. Caso isto ocorra, ele não mexerá na equipe econômica e manteria
também alguns dos atuais ministros, entre eles Mendonça Filho (Educação), Raul
Jungmann (Defesa) e Fernando Filho (Minas e Energia).
Não tem aliança com o PT
Por mais que o ex-presidente
Lula insista em trazer de volta o PSB para o campo da “esquerda popular”,
dificilmente o partido irá. Para Paulo Câmara seria uma beleza disputar a
reeleição com Lula no palanque, dado que o ex-presidente tem em média 45% das
intenções de voto em Pernambuco. Só que, para se aliar ao ex-presidente, o
governador terá que romper primeiro com seu vice Raul Henry e o deputado Jarbas
Vasconcelos, ambos peemedebistas.
Racha 1 – Independente da
posição que vier a ser tomada pelo PSB na eleição presidencial, alguns dos seus
líderes estarão com Lula. É o caso do governador Ricardo Coutinho (PB) e dos
senadores Lídice da Mata (BA) e João Alberto Capiberibe.
Racha 2 – Já o PSB de São
Paulo marchará necessariamente com o candidato do PSDB, seja ele qual for, dada
a ligação do vice-governador Márcio França (PSB) com o governador Geraldo
Alckmin (PSDB), provável candidato tucano à sucessão de Michel Temer. França
conversa frequentemente com o senador Fernando Bezerra Coelho (PE).
Recusa – O deputado Jarbas
Vasconcelos (PMDB), embora se dê bem no campo pessoal com o presidente Michel
Temer, não apoiou a chapa Dilma/Temer nem em 2010 nem em 2014 exatamente por
causa do PT. Mas logo que Dilma caiu ele se tornou interlocutor frequente do
atual presidente da República.
Paralelismo – O ministro
Bruno Araújo (PSDB), montado nos bilhões do orçamento do Ministério das
Cidades, continua fazendo em Pernambuco uma espécie de “governo paralelo”. Sua
agenda é totalmente desvinculada da agenda de Paulo Câmara, conforme se viu
ontem em Caruaru na entrega de mais de 1.400 unidades habitacionais do programa
“Minha casa, minha vida”.
Ataque – A vereadora Marília
Arraes (PT), provável candidata do PT ao governo estadual, não perde
oportunidade para alfinetar Paulo Câmara, que foi escolhido e apoiado por seu
primo legítimo, ex-governador Eduardo Campos. Diz ela: “Pernambuco não tem
governo, tem apenas uma pessoa que está sentada na cadeira de governador”.
Que fazes aqui? – Levado
para o PSB pelas mãos de Eduardo Campos, o deputado Heráclito Fortes (PI)
deverá procurar outro partido aproveitando a “janela” que se abrirá em março do
próximo ano. Ele chegou à conclusão de que não tem “nada a ver” com socialismo
e poderá voltar ao DEM pelas mãos do deputado Rodrigo Maia (RJ).
Confiança – Gabando-se do
fato de conhecer, pelo menos, 450 dos 513 membros da Câmara Federal, o deputado
Sílvio Costa se diz convencido de que o parecer do seu colega Sérgio Zveiter na
Comissão de Constituição e Justiça da Casa será pela autorização do processo
contra Michel Temer.
Pleitos – O deputado
Severino Ninho (PSB), que ainda é meio ingênuo e puro, politicamente falando,
deixou de lado a crise dos estados e entregou uma lista a Paulo Câmara com as
15 obras mais importantes para o desenvolvimento do Litoral Norte. Uma delas,
absolutamente necessária, é a restauração da ponte que liga Itapissuma a
Itamaracá. Mas o Estado não tem dinheiro para realizar a obra.
Enganação – Paulo Câmara
esteve ontem no RJ para conversar de novo com o presidente do BNDES, Paulo
Rabello de Castro, sobre o pedido de empréstimo de R$ 600 milhões para serem
aplicados em obras de infraestrutura. Desde o governo Dilma, o BNDES, a CEF e o
Ministério da Fazenda vêm “cozinhando” o Governo do Estado nessa questão do
endividamento. Fonte: Inaldo Sampaio