Uma pesquisa feita com os
evangélicos que participaram da 25ª edição da Marcha para Jesus, nesta
quinta-feira (15) pretende traçar um perfil sobre as opiniões mais comuns do
segmento.
Considerada uma “pesquisa
qualitativa”, o levantamento foi coordenado pelos professores da área de
Ciências Sociais Esther Solano, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo),
Marcio Moretto Ribeiro e Pablo Ortellado, da USP (Universidade de São Paulo),
com apoio da Fundação Friederich Ebert.
Segundo os pesquisadores,
ela levou em consideração as “identidades políticas, guerras culturais e
posicionamento frente a debates atuais sobre política” dos entrevistados, todos
maiores de 18 anos e que declararam se evangélicos.
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Entre os resultados
divulgados pelo site, destacam-se a questão da identificação política.
Afinal, a maioria (66,5%)
afirma não se reconhecer nem de direita (10,1%), esquerda (6%), centro-direita
(3,3%), centro-esquerda (1,9%) ou de centro (1,2%). Ao mesmo tempo, um elevado
índice dos entrevistados se declarou “muito conservador” (45,5%) e “muito
antipetista”. Contudo, a resposta mais comum (76,9%) é que não se identificam
com nenhum partido político.
A coordenação da pesquisa
desataca que há pouca confiança dos fiéis em partidos da “bancada evangélica”.
A maioria das pessoas ouvidas afirma “não confiar” no ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (83,7%) e no governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (61,4%).
Também são vistos com
desconfiança o deputado Jair Bolsonaro, do PSC (57,4%), a ex-senadora Marina
Silva, da Rede (57%), o pastor e deputado federal Marco Feliciano, do PSC
(54,1%), e o prefeito do Rio Marcelo Crivella, do PRB (53,9%), nomes mais
identificados com as pautas evangélicas.
Chama atenção que a maioria
absoluta (91,9%) rechaça a ideia que, em momento de crise, “o governo precisa
cortar gastos, inclusive em saúde e educação” e com a proposta de “quem começou
a trabalhar cedo deve poder se aposentar cedo sem limite mínimo de idade?”,
pergunta feita tendo como base a reforma da Previdência, proposta pelo governo
de Michel Temer (PMDB). Nesse caso, 86,6% afirmaram concordar, contra 10,7% que
discordam.
A socióloga Esther Solano,
uma das coordenadoras da pesquisa, acredita que o descolamento entre o discurso
das lideranças políticas evangélicas e os fiéis não está afinado. “O nível de
confiança da base em algumas das lideranças evangélicas mais representativas é
muito baixo. Sobre casos como o dos pastores Marco Feliciano e Marcelo
Crivella, ouvimos que a pessoa confia nessas figuras ‘como pastor, não como
político’. Isso demonstra um descolamento: são lideranças representantes dos
evangélicos, mas não são reconhecidas por eles”.
Para ela, “Estudar os
evangélicos é fundamental para compreender o Brasil –é um grupo que tem
crescido muito em número e também em simbologia, à medida em que a igreja
evangélica se configura como grande fator de sociabilidade, sobretudo, na
periferia. Ela se transformou em uma instituição fundamental nas periferias
brasileiras – e evidentemente, tem ganhado cada vez mais capital e poder
político”. Fonte; Gospel PRIME