Duas deputadas da Bolívia acusam o governo do país de interferir nas investigações do acidente com o avião da empresa LaMia, que levava a Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana, em novembro do ano passado. De acordo com as congressistas Érika Justiniano e Norma Piérola, autoridades que deveriam ser responsabilizadas não serão citadas no processo.
Eu acredito que não há somente uma irresponsabilidade do governo, mas também
acobertamento, porque até agora não se sabe com certeza o que vai acontecer. Há
um acobertamento, por isso estou aqui para saber a verdade. O que estamos
fazendo agora é averiguar e saber a verdade. Para isso estamos aqui em Chapecó,
averiguar o que acontecer, conversar com as famílias, saber um pouco da
realidade. Também estou trazendo os documentos que trago da Bolívia para
mostrar que estou investigando o caso - disse Justiniano, em entrevista.
O
procurador-geral do país, Ramiro José Guerrero Peñaranda, também é denunciado
em cartas das duas deputadas. Segundo as parlamentares, ele estaria
"perseguindo inocentes".
"O
Governo Boliviano, em vez de investigar as graves irregularidades na outorgação
das permissões da operação da LaMia, se dedicou, através do procurador Ramiro
Guerrero, a encobrir suas responsabilidades e a perseguir inocentes, assim como
se perseguiu e se pretendeu responsabilizar por esta tragédia os funcionários da
Asaana", escreve Érika Justiniano, em carta.
A
deputada está em Chapecó e vai entregar o
documento será entregue ao Ministério Público do Brasil. Dirigentes da
Chapecoense e familiares das vítimas também vão receber o documento.
A
congressista e sua colega Norma Piérola afirmam que a empresa LaMia não teria
pago seu seguro obrigatório e ainda não tinha permissão para voar para a
Colômbia, onde aconteceu o acidente. A dupla também cobra os ministros Milton
Claros, de Obras Públicas e Transporte, e Luís Arce Catacora, de Economia e
Finanças Públicas. Os dois ministérios teriam falhado, ao permitir que a
companhia boliviana fizesse o voo para Medellín, com o time da Chapecoense.
Segundo
a duas deputadas, "na Bolívia, não exista a menor possibilidade que o caso
se esclareça e que os reponsáveis por esta tragédia respondam à Jusitiça, e
sim, podemos afirmar que o Ministério Público na Bolívia tem uma atitude de
encobertamento".
O
acidente com o avião da LaMia aconteceu em 29 de novembro do ano passado, na
região metropolitana de Medellín, onde a Chapecoense enfrentaria o Atlético
Nacional, pela final da Copa Sul-Americana. Das 77 pessoas a bordo, apenas seis
sobreviveram (o zagueiro Neto, o goleiro Follmann, o lateral Alan Ruschel, o
jornalista Rafael Henzel e dois funcionários da LaMia).
Após
o acidente, um relatório assinado por Celia Castedo, funcionária da Asaana (a
agência de aviação da Bolívia), apontava problemas no plano de voo. Entre eles,
a possibilidade de não haver combustível suficiente para completar o trajeto.
Celia teve sua prisão decretada na Bolívia, acusada de ter autorizado o voo, e
fugiu para o Brasil. Em janeiro, em entrevista ao SporTV, ela afirmou que
indicou as falhas no plano de voo e que não tinha autoridade para liberar ou
impedir um avião de decolar.Fonte: Globo Esporte.com