“Para o tonto, a lira canta inutilmente”, porque contra a paixão política não há argumentos. É assim com uns, e com outros também. E isso só piora nas eleições.
Na política,
não importa se seu candidato fechou o único hospital da cidade deixando crianças
e idosos abandonados à própria sorte. Que ele tenha demitido 400 pais e mães de
famílias, que estas famílias tenham passado fome, necessidades e que isso tenha
sido somente por perversidade política, não... não importa. Não importa se o candidato
mandou derrubar as barracas que davam o sustento a você ou a seus familiares,
você simplesmente ama. Que ele reduza seu salário em 50% e ainda atrase em 3
meses, e você nem se importa se ele diz: - se não quiser, saia...
Talvez, só
na política, você não se importe se sua paixão não calçou sua rua em 16 anos, nem
que sua rua esteja às escuras, mesmo que isso lhe traga medo e insegurança,
você não se importa. Que ele tenha abandonado o único matadouro da cidade lhe
expondo às doenças, ratos, baratas. Que tenha, também, abandonado a precária
biblioteca local deixando-a ir ao chão. Que ele minta todos os dias pra você e
lhe abandone por quatro anos, isso não é importante para você que é tonto por
política, ou, por políticos.
Só na política
você é apaixonado, e como apaixonado não se importa se o político for à sua
casa e cobice seu “bem”, isso nem lhe importa porque ainda está apaixonado e
contra a paixão não existem argumentos. Ele pode responder a 5, 10, 15
processos, que sua cidade esteja toda semana, negativamente, nos noticiários,
quem se importa? Que ele libere o pagamento do décimo terceiro antecipado pra
uns, e pra outros não... você ama e vai esperar sua vez.
Não
importa, pra você, se alguém se importa. Pra você que vende seu voto, que ama
sem razão, que se vende sem preço, que por algum motivo é obrigado a amar, pra
você, a lira toca inutilmente.
Pra você
que veste a camisa, empunha a bandeira, grita, defende o condenado, ama o
culpado, a miséria de tantos não lhe importa. Afinal, contra sua paixão não
existem argumentos. O pior cego é o que não quer ver, que finge não ser com
ele, com sua cidade, com seu familiar. Até pode ser com ele, mas ele ama e vai
votar de novo, e de novo, e de novo. Dr. Evandro Mauro