Você pergunta: Tenho dois
filhos. Uma menina de 7 anos e um menino de 10. A menina até me acompanha na
igreja, mas meu filho tem me dado cada vez mais trabalho para participar da
obra de Deus. Isso me deixa muito chateada. Devo obrigá-lo a participar da
igreja? Eu não queria que fosse assim, queria muito que ele tivesse essa
vontade de participar. O que devo fazer?
Cara leitora, esse é um
problema que muitos pais têm passado em seus lares. É importante refletirmos
sobre isso para que tomemos atitudes pautadas na Palavra de Deus e que possam
abençoar os nossos filhos.
(1) Uma boa parte dos filhos (principalmente
antes da maioridade) acabam não desejando servir a Deus porque não tiveram dos
pais nos primeiros anos de vida bons exemplos a respeito de servir ao Senhor. A
Bíblia ensina: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando
for velho, não se desviará dele” (Provérbios 22:6). Muitos pais confundem
ensinar “no caminho” com ensinar “o caminho”. Ou seja, os pais passam a teoria que
desejam aos filhos, mas eles mesmos não a praticam. Pais que querem que seus
filhos orem, mas não oram com eles, não praticam isso diante deles para serem
seus exemplos. Pais que querem que os filhos vão à igreja, mas eles mesmos não
vão e não valorizam a participação na obra de Deus. Isso, com o passar do
tempo, vai gerando nos filhos um desinteresse, pois não foram ensinados “no
caminho”.
(2) A Bíblia ensina isso de
forma muito forte, mostrando a importância de Deus estar no coração dos pais e
os pais apresentá-Lo aos filhos de forma clara, consistente e vigorosa: “Ponde,
pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal
na vossa mão, para que estejam por frontal entre os olhos. Ensinai-as a vossos
filhos, falando delas assentados em vossa casa, e andando pelo caminho, e
deitando-vos, e levantando-vos” (Deuteronômio 11:18-19). Observe no texto que o
ensino sobre Deus deveria ser em todas as ocasiões possíveis (assentados,
andando, deitando, levantando). Isso mostra que o melhor ensino é o ensino “no
caminho”.
(3) Como você poderá ensinar
ao seu filho que participar da Escola Bíblica Dominical é importante se você
que é o pai ou a mãe tem preguiça de acordar cedo e ir? Ao mesmo tempo, o seu
filho está observando que você faz tudo pelo seu trabalho e pela sua diversão
(acorda cedo, dorme tarde, faz hora extra, etc). Na cabeça dele, o que ele irá
absorver como sendo melhor? Ir à igreja ou as outras coisas? Assim, pais que
nunca dedicaram tempo para ensinar os filhos “no caminho” terão muitos
problemas para fazer com que eles queiram esse caminho à medida que eles forem
ficando mais velhos. Infelizmente, muitos pais têm colhido maus frutos vindos
de seus filhos por conta de sua negligência com eles no decorrer da infância.
(4) Dito isso, creio que agora devemos
analisar o que os pais devem fazer diante da negativa dos filhos de
participarem da obra do Senhor. A resposta não é complicada: dialogue e
estabeleça as responsabilidades dos filhos. Esse é o primeiro nível. Resolver
as coisas com um diálogo saudável é sempre positivo. Se seu filho ainda é bem
novo, estabeleça em sua casa a rotina de participar da obra de Deus. Em minha
casa, salvo ocasiões especiais, todos sabem que domingo de manhã é dia de
participar da Escola Bíblica Dominical. O hábito foi implantado em minha
família desde o começo. Agora ele flui com muita tranquilidade e naturalidade.
Evite gritarias, acusações, discórdias e coisas do tipo. Resolva e estabeleça
regras sempre com conversas olho no olho, um ouvindo ao outro, com toda a
família junta no mesmo propósito. Nesse ponto pais e mães devem estar unidos
para fortalecer a convicção do filho de que ambos estão no mesmo propósito. Mas
e se o diálogo não resolver?
(4) Alguns pais da
atualidade, influenciados por alguns pensamentos modernos, pensam que não podem
se impor aos filhos, pois isso irá traumatizá-los! Isso é um erro! Se seu filho
chegar para você e dizer que não vai mais à escola, o que você vai fazer?
Certamente irá conversar e, em último caso, irá obrigá-lo a ir usando da sua
autoridade. Com a obra de Deus é a mesma coisa. Depois de estabelecidas as
responsabilidades da criança, as prioridades de sua vida, havendo diálogo e não
resolvendo as negativas dela, os pais devem impor sua autoridade pelo bem da criança.
Volto a repetir: Isso tudo pode ser evitado se você pai e você mãe dedicarem-se
a ensinar a criança “no caminho” de Deus desde pequena.
(5) Porém, nos casos mais
difíceis, principalmente de adolescentes que estão em famílias que, ou se
desviaram por um tempo dos caminhos de Deus, ou mesmo se converteram quando a
criança já era maior, sugiro que haja diálogo e um acompanhamento mais de perto
para ajudar o filho a incorporar na rotina as novas atividades e
responsabilidades. Não será fácil. Mas será recompensador ver seu filho em
breve andando nos caminhos do Senhor por desejo e vontade própria.
(6) Reúna a família, mostre
seriedade, deixe claro que agora, por exemplo, participar dos cultos de domingo
à noite será uma atividade que todos deverão se esforçar para cumprir. Claro,
seja maleável. Não haverá problema se seu filho ir a um aniversário uma vez ou
outra e faltar ao culto. O segredo é: deixe as regras claras e seja um
incentivador. Não sejam exagerados: não exija que seu filho vá todos os dias à
igreja ou exija dele uma vida cristã que ele ainda não é capaz de ter. Tudo tem
o seu tempo. Não fique apenas criticando os defeitos, valorize os acertos. E,
claro, seja um pai e uma mãe que ore em todo o tempo pelos filhos, para que,
após terem liberdade de saírem de debaixo de sua autoridade, possam escolher
servir a Deus por conta própria (que é o desejo de todo pai cristão).
*Fonte: Esboçando Ideias.