Pescadores encontraram no início da tarde desta quinta-feira (20)
o corpo de uma adolescente no Rio São Francisco, na região do Porto do Jatobá
em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. De acordo com a Polícia Civil (PC), a
garota é Ana Vitória Sena de Oliveira, de 15 anos, que desapareceu na última
segunda-feira (17), na cidade vizinha de Juazeiro, na Bahia. A família suspeita
que o sumiço tenha relação com o jogo da “Baleia Azul”.
A delegada Adelina Arujo confirmou que o corpo pertencia a Ana
Vitória e que a garota apresentava vários cortes nos braços e na região dos
pulsos. Ela vestia short jeans e camisa preta.
Adolescente havia deixado uma carta de despedida que avisava aos
familiares que pularia da Ponte Presidente Dutra, que liga a cidade
pernambucana de Petrolina a Juazeiro, na Bahia . “Ela deixou uma carta, pedindo
dizendo desculpa e disse que iria pular da ponte que liga Juazeiro a Petrolina.
Nós mexemos no celular dela e achamos no WhatsApp as mensagens do jogo da
Baleia Azul”, relatou ao G1, a irmã da garota, Maria Daniela Sena.
Garota deixou carta para os familiares antes de sumir (Foto:
Reprodução/ TV São Francisco) Garota deixou carta para os familiares antes de
sumir
Ana Vitória Sena de Oliveira morava junto com a irmã Maria, um
irmão e a mãe, no Residencial Itaberaba 2, em Juazeiro, na Bahia.
O G1 ouviu especialistas que dão dicas de como lidar com o tema:
1. Fique atento à mudança de comportamento
Uma mudança brusca de comportamento pode ser sinal de que a
criança ou o adolescente esteja sofrendo com algo que não saiba lidar, segundo
Elizabeth dos Reis Sanada, doutora em psicologia escolar e docente no Instituto
Singularidades.
“Isolamento, mudança no apetite, o fato de o adolescente passar
muito tempo fechado no quarto ou usar roupas para se esquivar de mostrar o
corpo são pistas de que sofre algo que não consegue falar”, diz.
2. Compartilhe projetos de vida
Para entender se a criança ou adolescente está com problemas é fundamental
que os pais se interessem por sua rotina. Elizabeth reforça que este deve ser
um desejo genuíno, e não momentâneo por conta da repercussão do “Jogo da
Baleia”.
“Os pais devem conhecer a rotina dos filhos, entender o que
fazem, conhecer os amigos”, afirma a Elizabeth. Ela lembra que muitos
adolescentes “falam” abertamente sobre a falta de motivação de viver nas redes
sociais. Aos pais cabe incentivar que os filhos tenham projetos para o futuro,
tracem metas como uma viagem, por exemplo, e até algo mais simples, como
definir a programação do fim de semana.
3. Abra espaço para diálogo
Filhos devem se sentir acolhidos no âmbito familiar, por isso,
Elizabeth reforça que é necessário que os pais revertam suas expectativas em
relação a eles. “É preciso que o adolescente se sinta à vontade para falar de
suas frustações e se sinta apoiado. Se ele tiver um espaço para dividir suas
angústias e for escutado, tem um fator de proteção”, afirma Elizabeth.
Angela Bley, psicóloga coordenadora do instituto de psicologia
do Hospital Pequeno Príncipe, diz que o adolescente com autoestima baixa, sem
vínculo familiar fortalecido é mais vulnerável a cair neste tipo de armadilha.
“O que tem diálogo em casa, não é criticado o tempo todo, tem autoestima
melhor, tem risco menor. Deixe que ele fale sobre o jogo, o que sente, é um
momento de diálogo entre a família.”
Angela reforça que muitas vezes o adolescente não tem capacidade
de discernir sobre todo o conteúdo ao qual é exposto. “Por isso é importante o
diálogo franco. Não pode fingir que esse tipo de coisa não existe porque ele
sabe que existe.”
4. Adolescentes devem buscar aliados
O adolescente precisa buscar as pessoas em que confia para
compartilhar seus anseios, seja no ambiente escolar ou familiar, segundo as
especialistas. “Que ele não ceda às ameaças de quem já está em contato com o
jogo e entenda que quem está a frente deles são manipuladores”, diz Elizabeth.
5. Escolas podem criar iniciativas pela vida
Assim como a família, as escolas podem ajudar a identificar
situações de risco entre os alunos. “Não é qualquer criança que vai responder
ao chamado de um jogo como esse, são os que têm situações de vulnerabilidade. A
escola ajuda a construir laços e tem papel fundamental de perceber como os
alunos se desenvolvem”, afirma Elizabeth.
Alguns colégios, já cientes da viralização do jogo, começaram a
pensar em alternativas para aumentar a conscientização sobre a importância de
cuidade da vida. No Colégio Fecap, que fica na Região Central de São Paulo,
essa ideia virou projeto escolar: a turma de alunos do ensino médio técnico de
programação de jogos digitais começou a criar uma espécie de “contra-jogo” da
Baleia Azul. “O jogo ainda está sendo produzido pelos alunos. Eles estão se
reunindo e debatendo a questão. Serão 15 desafios de como desfrutar melhor da
vida e celebrá-la”, conta o professor Marcelo Krokoscz, diretor do colégio. Fonte: G1 Petrolina
Durante o curso, os estudantes aprender a aplicar linguagens de
programação para criar jogos para computadores, videogame, internet e
celulares, trabalhando desde a formação de personagens, roteiros e cenários até
a programação do jogo em si. Segundo Krokoscz, a ideia é que o jogo, ainda sem
prazo de lançamento, esteja disponível on-line para o público em geral.
Ele
afirma que o objetivo é a ajudar os jovens a verem o lado bom da vida. “Impacta
mais fortemente nossos alunos a partir do momento que eles mesmos criam um jogo
a favor da vida.”