HÁ SUSPEITA NO SILÊNCIO
Já não é novidade para o prefeito João
Mendonça e todo seu grupo de sentinelas, na insólita terra do Bitury, essa
miserável cachoeira de suspeitas e desmando que não param de escorrer pela
cidade. O curioso, se não trágico, é que ele não apresenta um mínimo de fatos
capazes de atestar que é um político decente e afastar pelo menos as denuncias
dos desvios de verbas públicas em torno de si próprio, ou, de seu sistema de
apoio, o melhor prefeito da galáxia belojardinense se esconde de novo. Deveria
responder, no mês passado, a algumas perguntas sobre a merenda estragada
servida a crianças e sobre a acusação de desvio de verbas na educação em suas
gestões anteriores – coisa que qualquer gestor, com a casa em ordem, seria
capaz de fazer sem o menor problema. Mas não. De tudo que podia fazer de ruim,
escolheu o pior; simplesmente não deu uma palavra, uma justificativa, nem disse
que era mentira – quando existem denuncias tão graves, o silencio nem sempre é
a melhor resposta. Por que não fala? Pelo mesmo motivo que mantem a boca
fechada em relação a tudo que vem acontecendo e sendo apresentado nos
noticiários local. O fato é: não consegue dar, nem assessorado por seu exército
de advogados – entre apadrinhados, comprados, contratados -, uma única resposta
ou justificativa que leve a população ao benefício da dúvida.
O silencio resolve alguma coisa? Nesse
caso não resolve, é suspeito. A enxurrada de perguntas e desconfianças só irão
embora se forem esclarecidas todas as dúvidas.
As constantes fugas do prefeito não
chegam a piorar sua imagem junto aos 26 mil eleitores que, há muito tempo, já
não acreditam nele. Seu maior problema, a partir de agora ou de 100 dias atrás,
é com seus eleitores e simpatizantes, seus irmãos de fé, irmãos camaradas –
essas 17 mil pessoas, muitas sem empregos, bolsas, iluminação, merenda,
hospital, praças, sem fazendas, apartamentos em Boa Viagem, mas que brigam para
zelar sua reputação e a maioria não ganha nada com isso. João sempre achou, e
nessa eleição teve a certeza, que esse povo aceita qualquer coisa, que sua
devoção não tem limites. Frente aos acontecimentos atuais (quais? Central de
abastecimento fechada, R$ 340.000,00 gastos com massagens, denuncia de desvio
na educação, ratos, violência, teto do hospital desabando) e das perguntas que
não são respondidas, das acusações que não são desmentidas, parte de seu povo
começa a perder o interesse em ouvi-lo falar dos 100 dias da melhor gestão do
planeta municipal, e em todas suas obras que mudaram para sempre a história
dessa cidade. Pelo o que se ouvi nos escondidos das repartições da prefeitura e
anexos, já estão se enchendo com suas histórias de que João é seu irmão
camarada e que sem ele Belo Jardim não anda, que a oposição inventa todas as
acusações e acontecimentos contra ele. Certo, mais não é isso que a população
está perguntando hoje, nos quatro cantos da cidade.
João tem fracassado dia após dia na
luta para mostrar que não está acontecendo nada demais, que não está escondendo
nada. O que pretende, então? Silenciando e sumindo da cidade.
Dr. Evandro Mauro.