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Delações da Odebrecht: delator cita pagamento de propina para garantir duas obras no Porto de Suape

Na petição 6.671, Carlos Angeiras diz que dinheiro teria sido entregue a interlocutores do ex-governador Eduardo Campos e do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB).


Entre as delações enviadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), o delator Carlos Angeiras, ex-executivo da Odebrecht, cita o pagamento de propina para garantir duas obras no Porto de Suape. De acordo com a petição de número 6.671, o dinheiro teria sido entregue a interlocutores do ex-governador Eduardo Campos, que morreu em um acidente de avião em 2014, e do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB).

O senador negou, por meio de nota, as acusações e afirmou que "as delações são caluniosas e que todas as obras em Suape, durante a gestão dele cumpriram, com extremo rigor, as exigências da legislação".

A petição relata um acordo a fim de fraudar o caráter competitivo para a construção do Cais 5 e do Píer Petroleiro, no ano de 2008. Outro ex-executivo da Odebrecht e também delator, João Antônio Pacífico Ferreira, confirmou o pagamento de vantagens indevidas nas duas obras no Porto de Suape. A petição foi devolvida a PGR para nova apreciação.

Em relação construção do Cais 5, Angeiras diz ter pago a propina para Aldo Guedes, apontado como interlocutor de Fernando Bezerra Coelho. Quanto a obra do Píer, o ex-executivo cita que também repassou o dinheiro para Aldo Guedes. Porém, dessa vez ele seria interlocutor de Eduardo Campos.

O senador Fernando Bezerra Coelho, na época secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco e Presidente do Complexo Industrial de Suape, também teria recebido a propina para a construção do Píer Petroleiro.

As quantias teriam sido pagas para evitar “retaliações” durante as obras do Porto de Suape. A propina teria sido solicitada por Aldo Guedes. O valor dado para cada um, Eduardo Campos e Fernando Bezerra, seguiu a proporção de 1,5% a ser faturado pelas empresas no consórcio CBPO, OAS e Andrade Gutierrez.

Na petição, o ministro Edson Fachin ainda lembra que já existe uma denúncia, apurada no inquérito 4.005, contra Campos e Bezerra Coelho. Eles teriam recebido, entre 2010 e 2011, cerca de R$ 20 milhões para a construção da Refinaria Abreu e Lima e R$ 41,593 milhões para assegurar as obras de infraestrutura e incentivos tributários para a implantação do empreendimento. Neste inquérito, ainda são investigados Aldo Guedes e João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho.

Por telefone, o advogado de Aldo Guedes, Ademar Rigueira, afirmou que a defesa não irá se pronunciar até ter acesso ao teor da delação. Em nota, a assessoria de imprensa da Andrade Gutierrez afirmou que não irá comentar a petição. O G1 não localizou a defesa das empresas OAS e CBPO.

Já a assessoria de imprensa do senador Fernando Bezerra Coelho afirmou, em nota, que "as delações são caluniosas e que todas as obras em Suape, durante a gestão dele cumpriram, com extremo rigor, as exigências da legislação no que diz respeito à licitação, contratação e execução dos projetos. Caso autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a investigação - com a devida apuração dos fatos - comprovará a lisura das medidas tomadas por Fernando Bezerra, em Suape".

A defesa de Bezerra Coelho ainda diz que, até o momento, não foi autorizado o acesso aos autos para que se pudesse conhecer o inteiro teor das delações. Ela ressalta também que "nestes 35 anos de vida pública de Fernando Bezerra Coelho não há qualquer condenação em desfavor do parlamentar". Fonte: G1