Cuba cancelou o envio de 710
médicos para o Brasil, previsto para este mês. A suspensão se deu, conforme
ofício enviado ao governo brasileiro, devido ao possível descumprimento de
termos do acordo de cooperação. Em nota enviada à imprensa, o Ministério da
Saúde diz que poderá enviar a Cuba uma delegação brasileira, para esclarecer os
questionamentos do governo cubano.
O Brasil recebeu na
quinta-feira (13), por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a
solicitação de uma reunião de representantes brasileiros e cubanos para tratar
do programa Mais Médicos.
Segundo o governo cubano, o
cancelamento do envio se deu pelo aumento de ações judiciais impetradas por
médicos cubanos vinculados ao programa e sua contratação direta pelo Ministério
da Saúde, determinada por liminares. Essa situação, segundo o texto do ofício,
não estaria em conformidade com o acordo firmado.
A cada três meses, o
Ministério da Saúde realiza editais para preencher os postos de trabalho
eventualmente vagos no programa. No último edital, para cerca de 1,6 mil vagas,
mais de 8 mil candidatos brasileiros se inscreveram para a seleção.
Segundo o Ministério da
Saúde, caso necessário, as vagas não preenchidas pela cooperação serão
oferecidas nos próximos editais. Os médicos cubanos que chegariam ao Brasil são
600 novos bolsistas e 110 para reposição de profissionais.
Cubanos no Mais Médicos
Quando o Mais Médicos foi
lançado, em 2013, a maciça presença de médicos cubanos foi duramente criticada
pelas entidades médicas brasileiras. Um dos motivos foi o fato de estes
profissionais não terem registro nos conselhos regionais de medicina do Brasil.
Além disso, os vencimentos deles são pagos ao governo cubano, que repassa ao
profissional um valor menor do que o recebido por outros participantes do
programa.
Porém, apesar de os editais
do programa sempre priorizarem a contratação de brasileiros, a maior parte das
vagas, muitas localizadas em áreas carentes e de difícil acesso, como Distritos
Sanitários Indígenas, não atraía o interesse de profissionais nacionais. Desde
2015, o governo tem apostado em novas estratégias para que os brasileiros
participem do Mais Médicos.
Em janeiro deste ano, pela
primeira vez, além da reposição de rotina, foram disponibilizadas vagas antes
ocupadas por profissionais cubanos, que vieram ao Brasil por uma cooperação
intermediada pela Opas. Segundo balanço do início deste ano, das 18.240 vagas
do programa, 62,6% são ocupadas por cooperados cubanos, 29% por brasileiros
formados no Brasil e 8,4% estrangeiros e brasileiros formados no exterior.
A meta do governo federal é
substituir 4 mil médicos cooperados por brasileiros em três anos e, assim,
reduzir de 11,4 mil para 7,4 mil participantes cubanos. A expectativa é chegar
a 7,8 mil brasileiros no Mais Médicos, representando mais de 40% do total de
profissionais. Fonte:Terra Brasil