Rio não é motivo para que o
dia Mundial da Água seja celebrado na cidade.
Imagens de helicóptero mostram
como é grave a situação do rio; veja vídeo.
Esta quarta-feira (22) é
marcada por ser o dia Mundial da Água. Um dos símbolos de Caruaru, no Agreste
de Pernambuco, o Rio Ipojuca não é motivo para que a data seja comemorada no
município. Ele agoniza e espera por ações do poder público e população para que
possa voltar a ser um dos cartões postais da cidade. Imagens mostram como é
grave a situação do rio. (Veja o vídeo acima).
Sendo agora o terceiro rio
mais poluído no Brasil, o Ipojuca em outras épocas servia como incentivo ao
turismo e era referência de lazer e pesca para moradores da região. Nas livros
onde descreveu Caruaru no passado, o escritor Nelson Barbalho lembra até de
lavandeiras que tiravam o sustento das águas, atividades comerciais com
jangadas e banhos no rio.
"Lembro de quando a gente
ia brincar na beira do rio e servia de lazer. Na época das cheias, os meninos
iam para as pontes e pulavam. Todos comemoravam a abundância de água",
recorda o autonômo Marcilon Luna.
Sem políticas públicas
eficazes de proteção ao meio ambiente, boa parte do esgoto de Caruaru deságua
no Ipojuca. Também é comum perceber vários objetos nas margens e no leito -
como televisão, peças de roupas, geladeira e até mesmo um jogo de sofá.
Integrante da ONG SOS Rio
Ipojuca, o professor Alexandre Henrique, disse que mesmo diante de um cenário
tão adverso, é possóvel reverter a situação. "A solução poderia começar
com a criação de várias estações de tratamento de esgoto, parques lineares com
vegetação e pistas de caminhada, além de ciclovias em toda margem do rio. Temos
duas condições essenciais: a população
fica mais próximo do rio, e se alguém for jogar lixo ficará com receio de jogar
em um local com vegetação e limpo", diz.
Para analisar a situação do
rio, a ONG fez um estudo para apresentar ao poder público ações que
possibilitem a despoluição do Ipojuca. Um documentário será feito para mostrar
a realidade atual de abandono dessa importante bacia. A prefeita Raquel Lyra
ouviu os pedidos da organização durante um encontro e, de acordo com o grupo,
ela se comprometeu em analisar a situação para que no futuro algo seja feito em
prol do rio no trecho que corta o município.
Os membros da ONG pediram à
gestora municipal ações na mata ciliar, limpeza, estação de tratamento e um
parque linear. Os ambientalistas sugeriram ainda criar parcerias com faculdades
e universidades.
Na opinião do professor, com a
retirada da tubulação que despeja o esgoto, a população passa a ter consciência
que o rio faz parte da qualidade de vida. Ele diz que é necessário primeiro
limpar as cabeças das pessoas. "Assim vamos limpar o rio. Temos exemplos
de rios e canais no mundo que foram despoluídos, e quando estudamos os casos
percebemos dois pontos fundamentais: primeiro, a retirada do esgoto e segundo,
a parceria com a população", diz Alexandre Henrique.
O que diz a Compesa
A retirada do esgoto e criação
das estações de tratamento são de responsabilidade da Companhia Pernambucana de
Saneamento (Compesa). A Compesa lançou em janeiro de 2017 a licitação para
contratar uma empresa para executar obras de recuperação e requalificação das
estações elevatórias de esgotos Rendeiras II e III, José Liberato I e Boa
Ventura.
As quatro unidades são
integrantes do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) existente na cidade de
Caruaru. De acordo com a companhia, com o funcionamento das unidades, cerca de
16 mil imóveis deixarão de lançar seus esgotos no rio Ipojuca, contribuindo
diretamente na despoluição do manancial.
As propostas foram entregues
no centro administrativo da Compesa. O gerente da estatal em Caruaru, Mário
Heitor Filho, explicou que uma parceria do governo de Pernambuco com o Banco
Mundial pode ser a saída para resolver situação.
"Estamos com um projeto
para que toda água de Caruaru e de outras cidades sejam tratadas e jogadas no
rio, para que desague no mar limpa. Vamos revitalizar o rio, e desenvolver o Programa
de Saneamento Ambiental (PSA) e o Janelas para o Rio. Esse último prevê a
criação de um parque no entorno das margens do Ipojuca. A Compesa e o Banco
Mundial juntos vão recuperar a bacia do rio", detalha.
O PSA foi lançada ainda na
gestão do ex-governador Eduardo Campos, mas segue atrasada e o rio sendo
poluído. Sobre essa situação, Mário Heitor, informou que novas parcerias serão
feitas para amenizar a poluição. "Esse projeto é minucioso, já que Caruaru
é uma cidade com relevo complicado e requer uma atenção especial do poder
público. Vamos também buscar a prefeitura de Caruaru, para que juntos possamos
possibilitar a limpeza do Rio e provocar também reuso da água", diz. Fonte: G1