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Mulheres procuram técnicas de autodefesa para se protegerem de violência

Foto: Peu Ricardo/esp.DP.

Retomar a confiança de poder resolver atividades cotidianas, como sair de casa sozinha foi um dos efeitos positivos que o Krav Maga provocou na vida da advogada Amanda Rodrigues, de 22 anos. O pânico de ser assaltada deu lugar à segurança de saber como reagir com preparo. Há três anos praticando, ela se tornou faixa laranja e, antes minoria na turma, hoje treina com outras mulheres que busca em técnicas de defesa a proteção necessária para não figurar nas estatísticas de violência ainda tão comuns sofridas pela população feminina.   

Somente no ano passado foram registradas mais de 50 mil casos de violência contra mulher de acordo com a Secretaria de Defesa Social. O medo de se tornar refém em situações de risco, seja durante um assalto, estupro ou violência doméstica, está ampliando a procura por técnicas de defesa pessoal. Sentir mais segurança, aumento da autoestima e se livrar do sentimento de vulnerabilidade estão entre os principais resultados do Krav Maga, que diferentemente da luta, não tem um caráter competitivo nem regras de ringue, mas foca na autodefesa.   

"Meu pai me incentivou bastante e no começo achei um pouco puxado porque era sedentária, mas a gente consegue se adaptar bem rápido e cada um vai evoluindo dentro do seu tempo. O Krav Maga também treina o psicológico. A postura que nós temos em uma situação de risco é outra, não só pela técnica em si, mas por nossa mente estar preparada. Eu não andava sozinha na rua. Era uma situação de pânico. Nunca aconteceu nada comigo, mas por conta das histórias que algumas amigas contavam sempre tive muito medo. Hoje eu me sinto bem mais confiante e isso não significa que a gente vá se colocar em situações perigosas porque a gente nunca parte para agressão. Tento evitar o máximo possível, mas precisamos nos defender sempre que preciso", justifica.
Amanda conseguiu vencer o medo de sair na rua sozinha com o Krav Maga. Foto: Peu Ricardo/esp.DP.

De acordo com a Federação Sul Americana de Krav Maga, o público feminino já representa 30% do total de alunos. Por conta da intensa procura, será realizado o Seminário Gratuito de Defesa Pessoal para Mulheres neste fim de semana. Nos dias 11 de março no Bairro Novo, em Olinda e em Aldeia, Camaragibe. Já no dia 12 acontece em Candeias, Jaboatão, e no dia 19 acontece uma sessão extra no Cais do Apolo, no Recife. Esta já é a terceira vez que esse evento vem a Pernambuco e acompanha uma agenda internacional com mais três países. Em 2016 foram mais de 5 mil mulheres participando. Este ano o tema é "Não seja vítima, reaja".   

O equilíbrio emocional é um dos principais benefícios trabalhados pelo Krav Maga. O domínio da técnica impede que a vítima seja dominada pelo medo e dá segurança para se proteger da forma correta. "Contando com algumas técnicas é possível se livrar de agressões comuns sofridas em sua maioria por mulheres. Apesar de não trabalhar com discursos filosóficos, a prática do Krav Maga desenvolve naturalmente a autoconfiança. Os exercícios mostram que você não é só refém das circunstâncias, mas que pode, sim, construir seu destino e isso é passado com a prática", explica o instrutor-chefe da Federação Sul Americana de Krav Maga, Daniel Luz.
O instrutor-chefe da Federação Sul Americana de Krav Maga, Daniel Luz, conta que a técnica pode ser feita por qualquer pessoa e independe do tipo de porte físico. Foto: Peu Ricardo/esp.DP.

Desde atravessar a rua ou escolher o lugar para sentar em um restaurante pode ajudar a garantir mais segurança, segundo Amanda. "A gente sempre diz para suspeitar de tudo. E isso não significa ficar paranoica, mas sim ficar atenta e preparada. Andar mais próximo da rua do que da calçada para evitar que seja encurralada, por exemplo. Ao ver uma pessoa suspeita a nossa postura corporal diz se estamos ou não vulneráveis. Assim com sentar de frente à entrada de um restaurante para observar o movimento, além de procurar saber quais são as saídas mais próximas ajudam na hora de precisar se defender de algo que tanto pode ser um assalto ou até um incêndio", conta.  
Outra dica observada por Amanda é notar as pessoas que estão ao redor. As agressões partem na maioria das vezes das mãos, então a observação evita que sejamos pegos pela surpresa. "Se a pessoa vem em sua direção com as mãos na calça, nos bolsos ou para trás é bom observar um pouco mais porque são atitudes suspeitas. Se você está parada no sinal e tem alguém olhando para dentro do se carro, também merece atenção. A gente deve se questionar sobre esse tipo de atitude. O Krav Maga não é só condicionar seus músculos a seguir os comandos é também treinar a mente e isso reflete diretamente nas nossas decisões pessoais". Fonte: Diário de Pernambuco