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Jantar de Temer em churrascaria custou R$ 13,8 mil à presidência


O presidente Michel Temer tentou neste domingo (19) minimizar o escândalo da carne, que ameaça prejudicar as finanças e a imagem do maior exportador de carne bovina e avícola do mundo.

Temer convocou ministros, empresários e embaixadores dos maiores mercados de carne do Brasil para reuniões de emergência em Brasília, nas quais alegou que os frigoríficos envolvidos no escândalo são apenas 21, em um total de quase 5.000.

Para demostrar que não há motivos para preocupação, Temer convidou embaixadores para jantar em uma churrascaria de Brasília ao final da reunião. "Se os senhores nos derem essa honra, ficaremos muito felizes", declarou.

À noite, a assessoria de imprensa divulgou uma imagem do presidente sentado à mesa diante de um pedaço de picanha.

A Polícia Federal revelou na sexta-feira um esquema no qual inspetores sanitários supostamente recebiam subornos dos frigoríficos para autorizar a venda de alimentos inaptos para o consumo.

Mais de 30 pessoas foram detidas, três frigoríficos foram fechados temporariamente e 21 estão sob investigação.

"A maneira como se deu a notícia pode ter criado uma preocupação muito grande, tanto em países que importam nossa carne como em consumidores brasileiros", admitiu Temer na reunião, que contou com a presença de 33 diplomatas.

"É importante destacar que, de 11.000 funcionários, só 33 estão sendo investigados, e que, das 4.837 unidades sujeitas a inspeções, há apenas 21 supostamente implicadas em eventuais irregularidades. E dessas 21, só seis realizaram exportações nos últimos 60 dias", disse.

Temer anunciou que o governo ordenou "acelerar as auditorias dos estabelecimentos citados na investigação da Polícia Federal".

O Brasil vende carne para cerca de 150 países.
As exportações brasileiras de carne de frango superaram em 2016 os 5,9 bilhões de dólares, e as vendas de carne bovina somaram 4,3 bilhões de dólares, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Mercados em alerta
O escândalo corre o risco de desferir um novo e duro golpe ao país, afundado há mais de dois anos na pior recessão de sua história e com suas principais construtoras envolvidas na gigantesca investigação "Lava Jato".

Também ocorre num momento em que o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e a União Europeia (UE) buscam acelerar um acordo de livre comércio, no qual os países sul-americanos pedem maiores quotas de entrada para seus produtos de carne.

A próxima rodada de negociações entre os dois blocos deve ser realizada no fim do mês em Buenos Aires.

"Pedimos esclarecimentos completos e urgentes ao Ministério de Agricultura", afirmou no sábado no Twitter o embaixador da UE no Brasil, João Cravinho.

O subsecretário de Assuntos Econômicos e Financeiros da chancelaria brasileira, Carlos Marcio Cozendey, disse à AFP que "do ponto de vista criminal, da corrupção, é obviamente um episódio gravíssimo", mas que, por enquanto, tudo indica que se trata de um episódio pontual.

"Seria muito importante que as medidas sejam proporcionais ao que for efetivamente apurado e não que isso seja aproveitado para fechar mercados injustificadamente", adverte.

Empresas se defendem
Os investigadores não especificaram em quais instituições foram detectadas as irregularidades, mas afirmaram que em frigoríficos de pequeno porte foram observados "produtos cancerígenos e usados para poder maquiar a característica física" dos produtos.

As multinacionais brasileiras atingidas pelo caso defenderam em grandes páginas dos principais jornais do país a qualidade de seus produtos, enquanto crescia o temor entre a população de encontrar alimentos em mal estado nas gôndolas dos supermercados.

Além da gigante BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão), entre as empresas investigadas figura a JBS, líder mundial no mercado de carne, dona das marcas Big Frango, Seara Alimentos e Swift, entre outras.

A BRF afirmou que seu frigorífico avícola fechado possui "certificados internacionais" que lhe permitem exportar carne aos mais exigentes mercados do mundo, cono Canadá, União Europeia, Rússia e Japão.

"No despacho da Justiça Federal que deflagrou a operação, não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos da JBS e de suas marcas", afirmou por sua vez esta empresa. Fonte: Folha PE